Manaus terá a maior usina solar da América Latina

Em dois anos, Manaus vai instalar a maior usina solar da América Latina, com potencial de 6MW e capacidade para capacidade para atender 3.757 residências, com um consumo médio de 154 kWh/mês. A usina será construída no entorno da Arena Amazônia (ex-Estádio Vivaldo Lima), bairro Flores, na Zona Centro-Oeste. O espaço inicialmente escolhido é a área onde funciona o cartódromo.

A geração de energia solar será adicionada na malha elétrica de Manaus, somando-se ao óleo combustível e diesel, à base hídrica (Hidrelétrica de Balbina), ao Linhão de Tucuruí (quando inaugurado) e ao gás natural (quando funcionar integralmente). Segundo Bittencourt, o grande benefício será ambiental.

“A vantagem é que a gente vai quebrar cada vez mais o uso da energia não-renovável e adicionar o uso renovável. Uma usina que poderia estar queimando combustível fóssil com 6 MW mais, vai estar deixando de queimar 6 MW menos”, disse Anderson Bittencourt, Bittencourt, vice-coordenador do Centro Estadual de Mudanças Climáticas (Ceclima), que tem como uma de suas funções contribuir para a formulação de políticas no setor de energias renováveis no Amazonas. O órgão é vinculado à Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SDS).

O projeto foi desenvolvido pelo governo do Amazonas a partir de estudos concluídos em dezembro de 2011 pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) com recursos financiados a fundo perdido pelo Banco de Desenvolvimento da Alemanha (KfK). Os recursos foram disponibilizados para as 12 cidades-sedes da Copa de 2014 e quatro capitais foram selecionadas.

Expansão

O projeto de energia solar em Manaus tem pretensões mais abrangentes. Sua proposta é expandir a construção de sistemas de geração de energia solar para 25 municípios do interior do Amazonas que estão fora do itinerário do Linhão de Tucuruí e da possibilidade de serem atendidos pelo Sistema Integrado Nacional por meio da usinas da calha do Madeira (Jirau e Santo Antônio).

“A usina em Manaus será uma vitrine da importância de a gente difundir e disseminar o uso da energia não só nas capitais mas em todo o interior. Ela também passará a ser um de itinerário turístico”, disse o vice-coordenador do Ceclima, vinculado à Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SDS).

Bittencourt aposta no interesse futuro da Eletrobras Amazonas Energia em recorrer aos estudos da UFSC, que possui um grupo de pesquisa em energia solar, que atestaram a viabilidade de geração de energia solar no interior do Amazonas.

Conforme Bittencourt, não se pode descartar o potencial brasileiro de hidroeletricidade, mas esta oferta já está sendo explorada com Belo Monte, Tucuruí e Itaipu. No interior do Amazonas, o sistema ideal seria Híbrido, que uniria os tipos Isolado e a Termoelétrica para que haja redução do consumo do combustível.

Atualmente, a maior usina solar do Brasil fica em Tauá, no sertão do Ceará, de propriedade do empresário Eike Batista. Ela tem potencial de 1 MW.

Hidrelétricas

Para Anderson, mais do que hidrelétricas, o Estado do Amazonas precisa de usinas solares. “Para a escala de demanda das cidades e comunidades do Amazonas, não precisamos de hidrelétricas. Precisamos de usinas solares e de usinas baseadas em biomassa. Existem características de determinadas regiões que não cabe uma hidrelétrica e é preciso buscar alternativas”, conta Bittencourt, vice-coordenador do Centro Estadual de Mudanças Climáticas (Ceclima), que tem como uma de suas funções contribuir para a formulação de políticas no setor de energias renováveis no Amazonas.

Conforme Bittencourt, não se pode descartar o potencial brasileiro de hidroeletricidade, mas esta oferta já está sendo explorada com Belo Monte, Tucuruí e Itaipu. No interior do Amazonas, o sistema ideal seria Híbrido, que uniria os tipos Isolado e a Termoelétrica para que haja redução do consumo do combustível

Municípios

Segundo a SDS, os municípios do Amazonas aptos a receber energia solar são Eirunepé, São Gabriel da Cachoeira, Carauari, Benjamim Constant, Tapauá, Envira, Fonte Boa, Jutaí, São Paulo de Olivença, Pauini, Uarini, Ipixuna, Itamarati, Barcelos, Beruri, Tonantins, Alvarães, Santo Antônio do Içá, Canutama, Maraã, Santa Isabel do Rio Negro, Japurá, Juruá e Atalaia do Norte. Conforme Anderson Bittencourt, a demanda de potencial destes locais estão abaixo de 6 MW.

PIM

A usina de energia solar em Manaus terá aproximadamente 25.650 módulos fotovoltaicos (p-Si), 570 inversores, numa área total ocupada pela estrutura metálica de 44.913,15 metros quadrados.

Para a implantação, estima-se um investimento de R$ 40 milhões, que será dividido entre a Eletrobrás Amazonas Energia, Governo do Amazonas e investidores privados (cuja identificação não foi revelada). O planejamento prévio pretende montar os módulos no teto e a área inferior poderá ser transformado em estacionamento.

Os equipamentos serão importados, mas já existe plano para a liberação de incentivos fiscais que facilitem a fabricação de módulos e baterias no Pólo Industrial de Manaus Atualmente, o PIM possui tecnologia para fabricar inversores e controladores. “Vai ser criado um plano de atração de investimento das empresas para o PIM. Isso é um marco no Brasil. Não existe pólo industrial renovável no Brasil. Não existe sequer uma empresa no país produzindo módulos solares. Não precisamos mais precisar comprar na Alemanha, Índia ou China”, contou.

Sistemas

Os sistemas fotovoltaicos que existem são os Conectados à Rede, os Isolados, os Híbridos e as Usinas. Em Manaus, a energia gerada será por Usina Solar, que produz uma grande quantidade de eletricidade em um único ponto.

A energia da Usina não vai sair de uma rede para ser distribuída a uma determinada residência. Ela será adicionada ao sistema elétrico já existente.

Anderson Bittencourt diz que a Eletrobras apontou que em 2011 cerca 100 mil domicílios no Amazonas ainda não têm acesso à eletricidade

Miniusinas

A Eletrobras Amazonas Energia diz não existe projeto em andamento para os 25 municípios aptos a receber energia solar, mas informa que atende, desde julho de 2011, 12 comunidades isoladas com o projeto “12 Miniusinas com Minirredes e Sistema de Faturamento Pré-pago”, por meio do Programa Luz Para Todos, nos municípios de Novo Airão, Autazes, Barcelos, Beruri, Eirunepé e Maués. Este formado é considerado único o Brasil.

A empresa aguarda aprovação da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) para que 95 novas miniusinas do mesmo modelo sejam instaladas em outras localidades do Amazonas.

A concessionária também vai iniciar no município de Parintins (a 325 quilômetros de Manaus) um sistema piloto de painéis solares em algumas residências. Adotando um sistema híbrido, o consumidor parintinense poderá utilizar energia fotovoltaica em determinado período do dia. Em um outro momento, ele utilizará a energia vinda das redes de distribuição de energia da Eletrobras.

A Eletrobras informa que já vem sendo desenvolvida a produção de energia elétrica a partir do etanol da mandioca, único no país. Uma usina instalada na Vila de Lindóia, município de Itacoatiara (176 quilômetros de Manaus), passará a produzir, ainda em fase experimental, o etanol da mandioca para alimentar geradores de energia que irão atender moradores daquela localidade.Posteriormente, a empresa planeja levar o mesmo formato de fonte de geração de energia elétrica para outros municípios do Amazonas e de outros Estados do Brasil.

Fonte:http://acritica.uol.com.br/

Reino Unido: Mais de 1.700 instalações de solar térmico

A segunda fase do programa de incentivos à instalação de sistemas de aquecimento renovável no Reino Unido – Renewable Heat Premium Payments (RHPP) – arrancou a 1 de Maio. Entretanto, o Department for Energy and Climate Change (DECC) publicou os resultados da primeira fase do programa e a tecnologia solar térmica foi a segunda mais bem sucedida: ao todo, 5.369 instalações beneficiaram do subsídio, das quais 1.706 dizem respeito a sistemas solares térmicos, o que representa aproximadamente 32% das instalações.

As estatísticas do DECC mostram que os britânicos que aderiram a este incentivo optaram mais pelas bombas de calor ar/ar (1.887 instalações). Já o número de instalações de bombas de calor geotérmicas e ar/água ficaram ligeiramente abaixo, com 1.033, e apenas 743 instalações realizadas foram de caldeiras a biomassa.

O RHPP foi lançado em Agosto e disponibiliza 15 milhões de libras para a instalação de equipamentos de aquecimento renovável no sector doméstico. Desta forma, são concedidos subsídios à aquisição das tecnologias: 300 libras (cerca de 372 euros) para o solar térmico, 850 (pouco mais de 1.054 euros) para bombas de calor ar/ar, 1.250 libras (1.550 euros) para bombas de calor geotérmicas e ar/água e 950 libras (aproximadamente 1178 euros) para caldeiras a biomassa.

Em Brasília, ABINEE apresenta proposta sobre energia solar fotovoltaica

A ABINEE apresentou nesta terça-feira (26), em Brasília, sua Proposta para Inserção da Energia Solar Fotovoltaica na Matriz Elétrica Brasileira. O documento, entregue a representantes de ministérios, agências, órgãos técnicos do governo federal e imprensa, traça um panorama da geração fotovoltaica no mundo e a potencialidade de sua implantação efetiva no Brasil, por meio de políticas específicas para o segmento, visando integrar este sistema de geração à matriz elétrica. O estudo é resultado do trabalho de pouco mais de um ano do Grupo Setorial de Sistemas Fotovoltaicos da ABINEE, que reúne cerca de cem empresas, na busca de alternativas para o desenvolvimento fotovoltaico no país.O objetivo é a busca de alternativas para o desenvolvimento fotovoltaico no país, este documento traça um panorama da geração fotovoltaica no mundo e a potencialidade de sua implantação efetiva no Brasil, por meio de políticas específicas para o segmento, visando integrar este sistema de geração à matriz elétrica.

Faça o download do documento aqui.

Fachadas serão multifuncionais, diz especialista da Alemanha

O futuro de prédios não-residenciais envolverá fachadas de alta qualidade, segundo Doreen Kalz, engenheira mecânica do Instituto Fraunhofer da Alemanha. A especialista foi uma das palestrantes do Sasbe 2012 (Smart and Sustainable Built Environments), realizado entre os dias 27 e 29 de junho no Centro Brasileiro Britânico, em São Paulo.
Hoje prédios são grandes consumidores de energia – só o consumo de ar-condicionado subiu 7,5% em 2011 (dados globais). De acordo com Doreen, se edifícios novos tendem a seguir o conceito de energia zero, então a solução passa por os prédios demandarem menos energia para aquecimento e resfriamento.

Atualmente, as fachadas desempenham um papel passivo. Mas isto deve mudar. A fachada deve ter uma função ativa no desempenho do prédio, seja para promover aquecimento, resfriamento, ou mesmo geração de energia.

A alta qualidade das fachadas envolve também a multifuncionalidade dos elementos. Os vidros podem não só controlar os raios solares, como também serem eles próprios os geradores de energia com a aplicação de células voltaicas em sua superfície. Desta forma, não só paredes cegas e telhados, mas também as janelas podem gerar energia.

Outra necessidade será incorporação de tecnologia para se usar menos energia no aquecimento ou resfriamento. Primeiramente, os prédios devem demandar menos energia. “Se a temperatura é confortável entre 20°C e 27°C, é preciso resfriar os edifícios?”, questionou Doreen.

A palestrante citou o uso de ventilação natural, adoção de massa térmica incorporada nas paredes para conforto térmico, sistemas que aproveitam a energia geotérmica para dissipar a carga térmica do edifício.

Para o Brasil, sistemas com aproveitamento de energia solar são especialmente interessantes, por dispormos deste recurso natural com certa abundância. Há sistemas de resfriamento por água, de circuito aberto ou fechado, que podem fazer o trabalho de resfriar a temperatura sem o uso de energia elétrica.

As principais soluções, destacou Doreen, devem seguir uma abordagem holística. Não adianta somente introduzir componentes tecnológicos, mas sim integrar e adaptar as soluções à realidade do prédio em questão, do local, do ambiente, do uso, de todos os fatores em conjunto.

Fonte:http://www.piniweb.com.br/

Pernambuco: R$ 27,5 milhões para pesquisas em energia solar

Plataforma local somará ainda usina fotovoltaica de 4MW da ChesfPor Fabíola Binas

A cidade de Petrolina, no sertão pernambucano, deve abrigar duas usinas termosolares dentro de dois anos, como parte de um projeto de Plataforma de Pesquisa e Desenvolvimento em Energia Solar. No local também será instalado um centro de pesquisas, de acordo com informações da Secretaria de Ciência e Tecnologia (Sectec).

O complexo, orçado em R$ 27,5 milhões, verá o início da construção da primeira usina já em agosto, como resultado de um convênio entre a secretaria estadual, a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep/MCT), o Centro de Pesquisas de Energia Elétrica (Cepel) da Eletrobras e a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

Com o objetivo de estudar o desenvolvimento de novas fontes para diversificação da matriz do estado, a usina heliotérmica terá capacidade de 1 MW. “Pernambuco passa por um momento de expansão econômica que requer grandes investimentos em energia”, comentou o secretário estadual de Ciência e Tecnologia, Marcelino Granja.

Segundo Granja, como o Estado não possui bacia hidrográfica com potencial significativo, serão necessários estudos para projetos de geração de energia por fontes alternativas, como eólica, solar e por meio das ondas do mar. “Vamos implantar projetos, estudar estas tecnologias e capacitar quadros”, acrescentou.

Para a mesma plataforma de pesquisa solar, ainda está prevista a instalação de uma usina fotovoltaica de 3MW, com aportes calculados em R$ 45 milhões. Esse empreendimento é fruto de uma parceria entre a Sectec, a UFPE e a Chesf.

O magnata apaixonado por energia renovável

O diretor-presidente da empresa de internet e telecomunicação Softbank Corp. — hoje em dia mais conhecido como o homem que trouxe o iPhone, da Apple Inc., para o Japão — lembra ter dito ao conselho que estava tão preocupado com o acidente que não podia mais se concentrar no trabalho. Son disse que planejava pedir demissão para dedicar-se a questões energéticas.

“Tivemos uma enorme briga”, disse Son aos participantes de uma conferência sobre fontes renováveis de energia este ano. “Berros, murros na mesa.”

Son, conhecido pela sua volatilidade, acabou sendo convencido a ficar. Mas ele também se tornou um dos mais ousados defensores de uma nova era energética no Japão, argumentando que energia solar e eólica, e um pouco de criatividade, podem substituir a eletricidade gerada por reatores nucleares — e também muitas usinas movidas a combustíveis fósseis.

O desafio é enorme. Antes de o terremoto e tsunami de 2011 causarem um descontrole nos três reatores da usina Fukushima Daiichi, a energia nuclear respondia por cerca de 30% da demanda japonesa, e o governo queria aumentar a fatia para 50% até 2030. Fontes de energia alternativa como a solar, em comparação, representam menos de 1% — uma das menores porcentagens entre os países desenvolvidos.

Son propõe substituir toda capacidade japonesa de geração nuclear por fontes renováveis, como a hidrelétrica, até um impressionante total de 50% a 60% da capacidade em 2030, uma das metas mais ambiciosas do mundo.

Para estimular essa expansão, Son — que a revista “Forbes” considera o terceiro homem mais rico do Japão, com um patrimônio avaliado em US$6,9 bilhões — não quer desperdiçar o mínimo de tempo. Seus planos audaciosos envolvem dez usinas solares gigantescas no país, das quais seis já estão em construção ou com início programado para logo.

Uma nova subsidiária do Softbank foi criada para investir e gerencia os projetos, em cooperação com governos locais e sócios do setor privado. O Softbank já fechou acordo com 36 das 47 províncias japonesas para desenvolver projetos de energia renovável, incluindo usinas solares em fazendas abandonadas em Minamisoma, cidade ao norte da usina nuclear Fukushima Daiichi.

Os planos de energia renovável concebidos por Son têm recebido ampla aceitação nos governos locais, diz Masaru Kaneko, professor de economia da Keio University. O apoio político local é crucial num país superpopuloso em que a terra é dividida entre diversos donos e o uso é altamente regulamentado. O Softbank solicitou benefícios tributários e isenção de certos regulamentos das prefeituras, que devem fornecer também terrenos e parte do financiamento. A maioria dos recursos para os projetos será financiada pelo próprio Softbank e sócios privados.

Son também defende o que ele chama de “ideia louca, muito louca” de conectar o Japão a outros países na Ásia através de uma “super-rede” para que ele possa importar energia solar ou eólica da Mongólia. Em março, o Japão assinou um acordo com a firma mongol de investimentos Newcom Group e a Korea Electric Power Co. para explorar em conjunto um projeto de energia eólica no deserto de Gobi.

Conhecido pela influência política e sagacidade comercial, Son já venceu outras batalhas assimétricas antes. Como distribuidor de software nos anos 80 e 90, ajudou a Microsoft Corp. e outras empresas americanas a entrar no mercado japonês de computação, dominado na época por fabricantes nacionais de hardware com seus próprios sistemas operacionais. No início da década passada, ele fez forte lobby pela desregulamentação das telecomunicações, liderando um movimento que acabou levando o país – e sua empresa – à vanguarda mundial da banda larga.

Para avançar sua causa atual, ele criou uma fundação voltada a pesquisas e lobby em prol do desenvolvimento e promoção de políticas de energia renovável. Entre outras iniciativas, a fundação organiza seminários abertos e costuma argumentar suas ideias em debates públicos sobre a melhor maneira de suprir a futura demanda energética japonesa.

Mas os críticos, como os analistas de energia, dizem que os planos de Son para aumentar a fatia das fontes renováveis na matriz energética japonesa para até 60% são quase impossíveis. As fontes eólicas e solares não são constantes, nota Hisashi Hoshi, analista do Instituto de Economia Energética, o maior centro de pesquisas sobre energia do país. Se o Japão realmente adotar as fontes renováveis na escala que Son propõe, precisará compensar flutuações na geração com medidas caras como instalações de armazenamento ou redesenhando a rede elétrica.

Son sabe que suas ideias são polêmicas. Mas ele sente que há uma oportunidade na indústria energética do Japão, que está sendo pressionada a se abrir a mais concorrência. O setor é controlado atualmente por nove companhias regionais que praticamente monopolizam seus mercados e há poucas ligações entre as partes da rede que cada controla. Essas empresas sempre concentraram seus esforços na energia nuclear em vez da renovável.

Os sonhos de Son podem alçar voo no mês que vem, quando o Japão começará a obrigar as empresas de energia a comprar eletricidade de fontes solares ou eólicas de fornecedores independentes, o tipo de regulamentação que tem apoiado o desenvolvimento de fontes alternativas na Europa.

Mas ainda há outros obstáculos ainda maiores para a criação de uma rede elétrica pan-asiática. A interligação de redes elétricas de diferentes países não é novidade, mas é difícil de executar. A Noruega e a Holanda começaram a obra para conectar suas redes em 1994, mas só concluíram a ligação de 508 km em 2008.

Um cabo de 200 km pode ser instalado entre a ilha japonesa mais ao sul, a Kyushu, e a Coreia do Sul, com capacidade para cerca de 700 megawatts — parecido com a linha entre a Noruega e a Holanda, diz Hiroshi Takahashi, especialista em redes elétricas internacionais do Instituto de Pesquisa Fujitsu. Um cabo como esse permitiria ao Japão importar eletricidade da Coreia do Sul — onde os preços são por volta de um terço dos japoneses — bem como de locais mais distantes no oeste, como China e Mongólia.

Son calcula que a energia eólica da Mongólia pode custar entre quatro e cinco ienes (US$ 0,04 a US$ 0,05) por kilowatt-hora, se os terrenos dos parques eólicos for alugado a custo praticamente zero. Transferir a eletricidade para o Japão custaria dois ienes por kilowatt-hora, tornando o preço total menor que os cerca de nove ienes por kilowatt-hora que o país paga atualmente pela energia nuclear, diz ele.

Mas a Lei do Setor Elétrico do Japão não permite que empresas estrangeiras forneçam eletricidade no país. E aprovar leis que mudem isso no altamente dividido Parlamento japonês da atualidade não será fácil. Políticos e burocratas também temem o que aconteceria se os países fornecedores se recusassem a abastecer o Japão em épocas de pouca oferta.

Son continua com sua batalha. “Vamos conectar o Japão a outros países asiáticos, e fazer com que concorram”, disse ele a parlamentares em abril. “Importamos petróleo e gás. Qual é o problema de importar eletricidade?”

Depois da reunião, Son admitiu que suas metas são difíceis. “Se todo mundo ficar só assistindo, nada progride”, disse ele. “Enxergamos como nosso papel é assumir riscos em meio à incerteza e criar precedentes para que outros acompanhem.”

Fonte:http://online.wsj.com

Fukushima nunca +

Depois da tragédia da usina nuclear, o Japão incentiva a adoção de energia solar.

A nissei brasileira Margarete Takahashi fez de tudo para instalar painéis solares em sua casa nos arredores de Tóquio. Durante meses, tentou convencer o marido, o engenheiro Kensuke Takahashi, de que valia a pena comprar os equipamentos, aproveitando o aumento do subsídio do governo e a possibilidade de vender a energia excedente para a distribuidora de energia elétrica. “Foi uma briga lá em casa”, diz Margarete, que é mãe de Kaito, um menino de seis anos. Determinada, ela procurou informações sobre os subsídios para uso de energia renovável e fazia as contas com o marido à noite. Preocupada em economizar energia, Margarete comprou interruptores especiais que eliminam o consumo quando os eletrodomésticos estão desligados, sem a necessidade de retirá-los da tomada.

Com uma certa frustração, Margarete, que atua como intérprete de português, conta que todos os argumentos foram em vão. O marido não acredita que a família consiga gerar um excedente de energia com os painéis solares que permita zerar os gastos com a conta de luz. Takahashi acha que gastar, pelo menos, US$ 10 mil em equipamentos é muito dinheiro e proibiu a compra. “Parece que ele tem preguiça de economizar”, reclama. “Eu não quero contribuir para a geração de energia nuclear, pois sabemos como ela pode ser perigosa.” Margarete não é a única a pensar dessa forma. O terremoto, seguido de tsunami, e o acidente na usina de Fukushima, ocorridos em março do ano passado, mudaram a visão dos japoneses sobre a energia nuclear.

Segundo pesquisas de opinião, mais de 40% da população apoia alguma restrição à geração nuclear. Em poucos minutos de conversa, eles não demoram a lembrar de um assunto tabu: a experiência com as bombas nucleares jogadas pelos aliados em Hiroshima e Nagasaki, no final da Segunda Guerra Mundial. “Sabemos por causa das bombas nucleares que a contaminação do solo demora muito para ser resolvida”, diz Margarete. A explosão no reator de Fukushima foi o pior acidente nuclear dos últimos 25 anos. Provocou a morte ou desaparecimento de 19 mil pessoas e a evacuação de 140 mil que viviam num raio de 20 quilômetros.

Numa entrevista recente, o ex-primeiro-ministro Naoto Kan disse que, depois de Fukushima, chegou a ficar preocupado com a possibilidade de uma nova tragédia nuclear afetar a região de Tóquio e ameaçar “a própria existência da nação”. Isso o convenceu a procurar alternativas à energia nuclear para o país. Desde o acidente, as 50 usinas nucleares foram sendo desligadas aos poucos, para checagens de segurança ou operações de manutenção. Em maio, o terceiro maior parque nuclear do mundo, atrás apenas do americano e do francês, estava totalmente inativo. O físico Mikinori Niino diz que muitos de seus amigos não acreditam no discurso oficial de que as usinas nucleares são seguras.

E que a população hoje está muito mais atenta à questão. “Muitos acham melhor enfrentar blecautes do que confiar na geração nuclear˜, afirma. Com parte tão relevante da geração paralisada, a única solução para evitar os apagões é reduzir drasticamente o consumo energético. O objetivo oficial é a redução de 15% na demanda. Por isso, os formais japoneses aguentam com estoicismo as temperaturas escaldantes nos escritórios das grandes companhias em Tóquio. Na maior parte das torres de escritório na capital japonesa, o arcondicionado está regulado para 28 graus, e em muitas das salas de reunião não é possível abrir as janelas. A economia de energia nesses edifícios tem sido suficiente, até agora, para evitar cortes nas unidades industriais.

Mas o temor de que sejam necessários blecautes programados, no verão que acaba de começar no Hemisfério Norte, levou o governo a anunciar, no sábado 16, a reativação de dois reatores nucleares na cidade de Ohi. Milhares de pessoas protestaram contra a decisão em frente à casa do primeiro-ministro japonês Yoshihiko Noda. Apesar de tomar medidas emergenciais para garantir o suprimento durante o verão, o governo já declarou que pretende reduzir a dependência do país da energia nuclear e está fazendo planos para mudar a matriz energética até 2030. A equação não é simples de ser resolvida. O Japão importa mais de 80% de suas necessidades energéticas e, até a década de 1970, concentrava a geração em usinas térmicas movidas a derivados de petróleo.

Em Tóquio, ativistas protestam contra religamento de usinas nucleares.

A disparada dos preços do petróleo determinou os investimentos nas usinas nucleares nessa época. Agora, o país terá problemas sérios se quiser mesmo repor os 30% da matriz energética, fornecidos pelas usinas atômicas. O governo já teme que indústrias deixem o Japão em direção a outros países por causa da elevação da tarifa de energia. As usinas térmicas convencionais, que utilizam combustíveis fósseis como derivados de petróleo, carvão e gás natural, são a maior fonte de energia do país, respondendo por 63% do total. Sete por cento são gerados em hidrelétricas e apenas 3% vêm de fontes renováveis, segundo dados da Agência Internacional de Energia. Há muitas limitações em relação às energias renováveis que podem ser usadas pelo Japão.

Pelo exíguo tamanho do território, biomassa e produtos derivados da agricultura como o etanol estão naturalmente descartados. As alternativas preferidas são a solar e a eólica. Enquanto não se desenha uma solução, o país está voltando à era dos geradores. Claro que, agora, com muitas inovações tecnológicas. A NEC, por exemplo, está vendendo um sistema que alia baterias de lítio e uma célula de geração de energia solar. O sistema carrega as baterias usando eletricidade da rede ou da célula solar e as utiliza nos horários de pico. Também funciona como um gerador em caso de cortes no fornecimento.

Com fortes incentivos do governo, o Japão deve tornar-se o segundo maior mercado de energia solar do mundo até o ano que vem, segundo previsão da Bloomberg New Energy Finance. Para estimular os investimentos, o Ministério da Economia aprovou, na segunda-feira 18, prêmios elevados para a tarifa da energia solar gerada­— os produtores receberão o dobro por megawatt do que é pago na Alemanha. Os fortes subsídios provocam dúvidas sobre a criação de um sistema ineficiente e sobre os problemas de competitividade para continuar a produzir no Japão, preocupando as autoridades. “O Japão não pode voltar a depender de velas”, disse Yoshito Sengoku, líder do partido do primeiro-ministro na Dieta Nacional, o Parlamento japonês.

Fonte:http://www.istoedinheiro.com.br

Brasil obtém silício purificado para células solares

Do quartzo ao silício puro

Um grupo de cientistas da Unicamp acaba de obter, pela primeira vez no Brasil, o silício purificado para a fabricação de células solares fotovoltaicas.

Apesar de possuir as maiores reservas mundiais do quartzo – a matéria-prima bruta para o silício – o país importa, a preços elevados, as lâminas do elemento químico purificado no exterior para a produção de painéis solares.

Isso agora pode começar a mudar, graças ao trabalho dos pesquisadores Paulo Roberto Mei, Francisco das Chagas Marques e Andresa Côrtes.

“O Brasil possui tecnologia para a fabricação de células solares, mas importa o silício purificado, encarecendo o custo dos painéis solares. Somos também um dos maiores produtores e exportadores de silício metalúrgico, produzido a partir do quartzo, mas que tem um índice de pureza muito baixo. As células solares precisam de silício de alta pureza para que funcionem de forma eficiente,” explica o professor Francisco das Chagas Marques.

Silício de alta pureza

O silício purificado obtido pela equipe brasileira apresenta os requisitos necessários para a fabricação de células solares eficientes.

O índice de pureza ideal do silício grau solar, como é chamado, começa a partir de 99,9999%, segundo o cientista.

“Nós conseguimos purificar o silício até o nível de 99,9993%, que é suficiente para a produção de painéis fotovoltaicos se adicionarmos outras técnicas de redução de impurezas durante o processo de fabricação das células solares”, revela.

“No momento, estamos fabricando células solares com silício nacional com eficiências entre 10% e 13%, que representam os maiores valores obtidos no Brasil e semelhantes aos melhores índices reportados na literatura em todo mundo,” completa o pesquisador.

A pesquisa conta com a participação das empresas nacionais Rima e Tecnometal, que agora estão pleiteando recursos junto Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para levar a tecnologia da escala de laboratório para a escala industrial.

Silício de grau solar

O silício purificado possui diversas aplicações.

Além das células solares, o elemento puro pode ser utilizado para a produção de ligas metálicas especiais, para a preparação de silicones, cerâmicas de alta tecnologia e na eletrônica.

Sem esquecer que o silício altamente purificado é a principal matéria-prima dos microprocessadores de computadores – daí o famoso “Vale do Silício”, onde se reúnem as maiores empresas do ramo nos Estados Unidos.

Paulo Mei, Francisco Marques e Andresa Côrtes colocando a mão na “massa” de silício. O próximo passo é levar o processo para escala industrial. [Imagem: Antonio Scarpinetti/Unicamp]
O método Siemens, desenvolvido na Alemanha na década de 1950, é amplamente utilizado na indústria para a produção do silício purificado. O processo dá ao silício um grau de pureza altíssimo, mas é complexo e caro.

Por isso, essa técnica é utilizada principalmente para a produção de componentes eletrônicos, que necessitam de quantidades menores de silício e possuem um valor agregado maior do que as células solares. Para o uso em painéis solares, esse tipo de silício com alto teor de pureza acaba sendo comercialmente inviável.

Rota metalúrgica

Uma alternativa a este método é a rota metalúrgica, processo utilizado pelos pesquisadores brasileiros para obter o silício de grau solar.

O processo consiste em um melhoramento do silício metalúrgico, que possui baixo teor de pureza. “O silício para as células fotovoltaicas requer certo grau de pureza que não precisa ser, necessariamente, tão alto quanto o obtido por meio do método Siemens”, esclarece Francisco Marques.

Neste método alternativo, o silício metalúrgico é submetido a uma desgaseificação a vácuo, realizada em um forno de feixe de elétrons. Este processo reduz as impurezas com pressão de vapor maior que a pressão do silício. Impurezas com pressão de vapor menor não são eliminadas.

O silício purificado sai na forma de tarugos, que são cortados em lâminas para a fabricação das células solares.

“Na fabricação de células solares, uma nova etapa de purificação do silício é realizada por um processo de armadilhamento de impurezas em altas temperaturas, utilizando átomos de fósforo introduzidos por difusão,” explica o pesquisador.

Fonte:http://www.inovacaotecnologica.com.br/

EnerSolar + estreia no Brasil

Depois do sucesso, em Milão, estreia no Brasil a EnerSolar+Brasil | Feira Internacional de Tecnologias para Energia Solar, de 11 a 13 de julho, no Centro de Exposições Imigrantes, em São Paulo. Com organização e promoção do Grupo Cipa Fiera Milano, junto a Artenergy Publishing, essa parceria é o primeiro passo na criação da rede internacional de ENERSOLAR+.

Evento anual que irá promover o desenvolvimento de oportunidades de negócios através da indústria solar do Brasil e da América do Sul, onde cerca de 130 expositores nacionais e internacionais (Itália, Estados Unidos, Alemanha, Espanha, China, Suíça, Portugal, Luxemburgo e Chipre) irão apresentar suas tecnologias, serviços e soluções para aplicações industriais e civis, além de um vasto programa de conferências, seminários e workshops.

A EnerSolar+Brasil | Feira Internacional de Tecnologias para Energia Solar, evento profissional, direcionado aos setores de energia térmica solar e fotovoltaica, inversores e outras energias renováveis. Durante os três dias, receberá 06 mil profissionais de toda cadeia produtiva do setor , como instaladores elétricos, arquitetos, engenheiros, gestores de energia, empresas de design técnico elétrico e térmico, atacadistas e distribuidores de materiais elétricos, proprietários e diretores de construções industriais e prédios, empresas de engenharia e contratação, empresas de agricultura, administração pública, universidades, empresas de pesquisa e treinamento, companhias de crédito, financeiras e seguradoras, importadoras e exportadoras, interessados em energia solar e economia energética.

Simultaneamente acontece a Greenergy | Feira Internacional de Energias Limpas e Renováveis e ao Ecoenergy | Congresso Internacional de Tecnologias Limpas e Renováveis para a Geração de Energia. [www.enersolarbrasil.com.br].

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Fonte:http://www.revistafator.com.br

Especialistas defendem descentralização da geração de energia

Gerar energia elétrica para alimentar a própria casa através de painéis solares fotovoltaicos ou de uma pequena turbina eólica. Pode parecer uma ideia restrita aos países de primeiro mundo, onde a energia renovável já é uma realidade bem disseminada, mas é exatamente isso o que defenderam especialistas em energia que participaram nesta segunda-feira (18) de um simpósio paralelo à Conferência das Nações unidas para Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), evento internacional que acontece nesta semana na cidade do Rio de Janeiro.

Entre os participantes do evento “O Setor Elétrico Brasileiro e a Sustentabilidade no Século 21: Oportunidades e Desafios” estavam Célio Bermann, professor e pesquisador de eletrotécnica e energia da Universidade de São Paulo (USP) e ex-assessor da presidente Dilma Rousseff no Ministério de Minas e Energia; Marcelo Furtado, diretor do Greenpeace Brasil; Danny Kennedy, fundador e presidente da empresa de energia solar residencial Sungevity; Élbia Melo, presidente executiva da Associação Brasileira de Energia Eólica; Felício Pontes, procurador do Ministério Público Federal; Stefan Schurig, diretor de energia e clima do World Future Council Foundation; Albino Ventura Filho, secretário de Planejamento e Desenvolvimento Energético do Ministério de Minas e Energia, entre outros.

O encontro, que se estendeu pela manhã e por parte da tarde, debateu sobre a atual matriz energética brasileira – alegadamente limpa – e sobre os desafios e oportunidades para transformar nosso mix energético em realmente sustentável, alimentado por fontes realmente renováveis e limpas.

De acordo com a maioria dos palestrantes, o atual modelo energético do Brasil – baseado nas usinas de energia hidrelétrica de grande porte – está longe de ser sustentável, pois essas hidrelétricas, além de alagarem uma grande área causando enormes alagamentos que levam a um desmatamento e a grandes emissões de metano devido às árvores que apodrecem sob as águas, também causam grandes prejuízos sociais, pois deslocam milhares de pessoas de suas terras, forçando-as muitas vezes a perderem suas casas e meios de subsistência.

Como alternativa a esse modelo, os participantes do simpósio sugeriram as energias renováveis como a eólica, a solar, a biomassa e as pequenas centrais hidrelétricas, enfatizando o grande potencial que essas energias têm para serem desenvolvidas no Brasil.

Élbia Melo, por exemplo, destacou que, atualmente, a geração eólica corresponde a menos de 1% do total de energia produzido no Brasil, mas que há projeções que mostram que esse valor pode chegar a 5,3% em 2014 e 12% em 2020. Ela lembrou também que novas estimativas mostram que o Brasil tem capacidade para gerar até 300 GW de energia eólica, e que, com recentes tecnologias, a eólica pode ser até mais eficiente que a hidrelétrica.

Já Danny Kennedy afirmou que a energia solar pode gerar até três vezes mais empregos do que a energia hidrelétrica, pois cria trabalho em toda a sua cadeia – desde a produção até a venda e manutenção de painéis solares, enquanto na energia hidrelétrica essa geração de empregos fica concentrada apenas na fase de produção energética.

Os palestrantes também defenderam a diversificação do mix energético nacional, alegando que o apagão que ocorreu no início da década passada foi causado, em parte, pela concentração da geração de energia em uma única fonte.

Mas o que os palestrantes realmente ressaltaram no evento foi a possibilidade – e necessidade – de o Brasil descentralizar suas fontes de energia, fornecendo a oportunidade de os consumidores gerarem sua própria eletricidade.

Não faltaram exemplos – dados pelos participantes e pela plateia – de iniciativas que, nas palavras de Stefan Schurig, deram “power to the people” (energia/poder às pessoas). A ideia, segundo os especialistas, é justamente essa: que a população não apenas seja capaz de produzir sua energia, mas que, desta maneira, se torne mais consciente e ativa a respeito das decisões e escolhas energéticas do país. Infelizmente, a maioria das iniciativas como essa ainda ocorre em países desenvolvidos.

Aqui, a geração de energia elétrica em escala residencial e comunitária ainda está engatinhando, mas já mostra os primeiros sinais de potencial. Os palestrantes lembraram que, recentemente, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) regulamentou a microgeração de energias renováveis, permitindo que a população tenha painéis fotovoltaicos ou turbinas eólicas em casa para produzir sua própria eletricidade.

No entanto, as condições ainda são bem limitadas, e carecem de melhorias para se tornarem atrativas. A instalação destes equipamentos é cara, e faltam financiamentos para a aquisição dessas ferramentas de microgeração. Felizmente, já há projetos para resolver esse problema: algumas inciativas pretendem colocar no telhado de uma casa residencial um painel fotovoltaico cobrando mensalmente a energia gerada, em vez de vender o equipamento.

Retrocesso

Infelizmente, nem todos os participantes compartilhavam destas visões a respeito de uma nova energia, mais limpa e democrática. Albino Ventura Filho crê que a hidrelétrica ainda deva ser a principal fonte de energia do país, e que as energias renováveis alternativas são apenas fontes “complementares”.

Para o secretário de Planejamento e Desenvolvimento Energético do Ministério de Minas e Energia, o Brasil ainda precisa que as fontes alternativas fiquem mais baratas e suas tecnologias sejam desenvolvidas nacionalmente antes de serem implantadas em larga escala. E, apesar de todas as boas iniciativas apresentadas, se lembrarmos do que disse recentemente a presidente Dilma Rousseff sobre a irrealidade das energias alternativas no Brasil, pode ser que ainda demoremos a ver essas ações se tornarem realidade em nosso país.

Fonte:http://www.institutocarbonobrasil.org.br