Estamos em um momento que podemos chamar de irresponsável qualquer investimento realizado para manter a economia fóssil operando como antes. É hora de deixar todo fóssil guardado nas suas reservas e migrar para as energias renováveis e distribuídas. É também momento de operar de forma mais distribuída e descentralizada.
Na Inglaterra um sinal importante e inédito veio dos céus: entre os meses de abril e setembro deste ano mais energia elétrica foi produzida pelos painéis solares do que pelas envelhecidas centrais de carvão. Estima-se que 6.964 GWh foram gerados por energia solar ao longo do semestre , 5,4% da demanda de eletricidade do Reino Unido. O carvão produziu 6,342GWh, ou 4,7% da demanda total.
Com o uso intensivo da energia solar o preço da eletricidade ao consumidor vem se reduzindo em várias regiões e os custos de eletricidade fóssil e convencional vem subindo.
O caso da Inglaterra é um marco importante no caminho para as energias renováveis ultrapassarem os combustíveis fósseis definitivamente. É uma prova de quão efetiva pode ser a economia solar com base em energia limpa e confiável e que traz redução de custos.
A energia solar distribuída pode produzir eletricidade de forma mais barata mas há ainda setores e lobistas que sugerem que a energia solar teria custos adicionais para a rede nacional.
Um novo relatório publicado na Inglaterra este mês concluiu que a integração de muito mais painéis solares à rede elétrica não acrescentaria custos excessivos para acomodar o fato do sol nem sempre brilhar e energia de reserva ser necessária para cobrir a solar na sua ausência e nem oneraria consumidores que não utilizem a energia solar.
A pesquisa mostrou que triplicando a geração solar para ser capaz de suprir mais de 10% da eletricidade anual da Inglaterra iria aumentar os custos de gerenciamento de variabilidade modestamente, para um máximo de £ 6- £ 7 por MWh.
Esta clareza sobre os custos de integração de grandes volumes de energia solar, juntamente com a redução de custos esperados em instalações solares, suporta a expectativa de vários analistas que a energia solar pode ser a forma de mais baixo custo de geração de energia na década de 2020.
Sem grandes surpresas a modelagem mostrou que integrando a energia solar em um sistema mais descentralizado, flexível e “mais inteligente” de energia, incluindo as baterias, realmente oferece mais benefícios do que custos para o sistema. A combinação das baterias com a energia solar reduziria o custo de variabilidade por £ 10,50 por MWh, resultando em um saldo líquido de £ 3,70 de benefícios por MWh.
Os custos associados à maciça implantação da energia solar nas cidades não fornecem nem um forte e nem um inteligente argumento neste momento para se onerar a energia solar ( tarifas binômias, taxa de uso, impostos, etc). Os benefícios são claramente maiores do que o ônus.