Os corredores de uma típica farmácia Walgreens estão repletos de produtos que promovem os seus atributos sustentáveis, sejam eles toalhas de papel reciclado ou pincéis de maquiagem feitos de grama de crescimento rápido.

Porém, cada vez mais, no telhado dessas farmácias, uma iniciativa sustentável menos visível está em curso, sob a forma de painéis solares que fornecem energia para as lojas.

A Walgreens, que instalou 134 sistemas solares em todo o país e tem planos para muitos outros, diz que seu programa de energia solar provém da ligação da marca com uma vida saudável e do desejo de economizar com os gastos com energia.

Mas ela também está sendo acompanhada por muitos outros grandes varejistas. As grandes redes de lojas, mais do que qualquer outro tipo de empresa, têm recorrido à instalação de placas de captação de energia solar para ajudar a atender suas necessidades energéticas, de acordo com um relatório da Associação de Indústrias de Energia Solar e da Iniciativa Vote Solar, um grupo de defesa.

“Cinco ou seis anos atrás, provavelmente estaríamos lendo a respeito de uma promessa em um relatório anual sobre o que eles estão fazendo pelo meio ambiente”, disse Rhone Resch, presidente-executivo da associação, um grupo que representa o setor. “Agora, o que estamos testemunhando é um investimento inteligente que eles estão fazendo para seus acionistas, e essa é uma prática comercial padrão.”

Adotadas inicialmente por nomes como Wal-Mart, Costco e Kohl’s, as instalações comerciais de energia solar aumentaram exponencialmente nos últimos meses. Mais de 3.600 sistemas não residenciais foram ativados no primeiro semestre de 2012, elevando o número de sistemas solares individuais elétricos para 24 mil, segundo o relatório.

Motivados pela identidade da marca ou por preocupações com custos, quase metade dos principais 20 clientes comerciais da energia solar são grandes varejistas, como a Bed Bath & Beyond e a Staples.

A Ikea, uma das redes que estão entre esses 20 clientes principais, planeja instalar painéis solares em quase todas as suas lojas de móveis e centros de distribuição até o final do ano, disse Joseph Roth, um porta-voz.

Alguns varejistas, como Wal-Mart e Kohl’s, têm avaliado rotineiramente o potencial solar de seus edifícios mais antigos e mais novos.

Nas farmácias Walgreens, a energia solar está se tornando tão comum que a rede mudou seu modelo arquitetônico padrão para acomodar mais facilmente o equipamento.

“Nós literalmente pretendemos investir em energia solar em todos os estados” se fizer sentido economicamente, disse Menno Entra, diretor de energia e sustentabilidade da rede.

Os varejistas também estão buscando outras formas de energia renovável.

A Kohl’s, uma rede de lojas de departamento, terá 150 filiais alimentadas por energia solar até o final deste ano, disse a empresa. Mas ela também está testando a energia eólica e planeja ampliar o número de estações de carregamento de veículos elétricos em suas lojas.

A Ikea incluiu um sistema de energia geotérmica em uma nova loja, em Centennial, Colorado.

O Wal-Mart, que tem 150 instalações solares e planeja chegar a mil em 2020, também está fazendo experiências com a energia eólica. A rede colocou pequenas turbinas eólicas no alto dos postes de iluminação de alguns dos estacionamentos de suas lojas, e instalou uma turbina gigante de um megawatt em um centro de distribuição em Red Bluff, Califórnia.

A rede, que tem a ambiciosa meta de derivar toda a sua energia de fontes renováveis no futuro, também está captando energia de células de combustível em alguns locais, disse Kim Saylors-Laster, vice-presidente de energia da empresa.

Os executivos dizem que os sistemas de captação de energia solar, em parte, são atraentes porque as lojas de departamento de grande porte têm bastante espaço onde colocar as matrizes no telhado, ajudando a dar conta da sua grande demanda de eletricidade para iluminação, aquecimento, arrefecimento e, em alguns casos, refrigeração.

Muitas das redes começaram com algumas instalações cerca de cinco anos atrás, mas só investiram na tecnologia em definitivo nos últimos anos, com a queda expressiva do preço do equipamento. O preço médio de um sistema fotovoltaico comercial completo, por exemplo, teve uma queda de quase 14 por cento entre o segundo trimestre de 2011 e o segundo trimestre de 2012, disse o relatório.

Além disso, novas formas de financiamento – nas quais empresas terceirizadas oferecem a instalação de sistemas fotovoltaicos com um pagamento adiantado de baixo valor (ou até de graça) e recebem pagamentos fixos pela eletricidade gerada dentro de um determinado prazo acordado pelas partes – tornaram a energia solar ainda mais atraente.

Embora as economias com os gastos desses arranjos não sejam tão grandes para as redes de lojas quanto para os clientes residenciais, os acordos protegem as empresas das flutuações dos custos com a eletricidade, disse Lyndon Rive, executivo-chefe da SolarCity, que fornece produtos e serviços ligados à energia solar, e tem o Wal-Mart entre seus clientes comerciais,

“O custo das energias renováveis não tem oscilações como o do combustível”, disse Rive. “As taxas são limitadas, o que garante um grande percentual das necessidades de energia de uma empresa.”

Por fim, disse Resch, o crescimento da energia solar nas redes de varejo reflete uma mudança de mentalidade.

“Para a maioria dessas empresas, o telhado é um passivo, é algo em cujo conserto eles precisam investir a cada 10 ou 15 anos”, disse ele. “Essas empresas estão transformando o telhado em um ativo. Essa é uma maneira completamente diferente de pensar sobre as suas instalações.”

Fonte:The New York Times News Service

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