Em contrapartida, empresas estrangeiras preparam o terreno esperando a tecnologia deslanchar
Por Fabíola Binas
Apesar de mencionar que a energia solar pode se tornar competitiva ao longo dos próximos anos, o Plano Decenal de Energia (2021), colocado em consulta pública, frustou a expectativa de quem atua para acelerar a inserção da fonte no Brasil. “Esperávamos que ele propusesse ações mais efetivas para inserção da solar na matriz”, comentou o diretor do grupo setorial de energia fotovoltaica da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee), Leônidas Andrade.
Para o especialista esperar que a solar se torne completamente competitiva para adotá-la em maior escala, pode “condenar o País a ser importador dos equipamentos que compõem o setor fotovoltaico”, analisou. Ele disse que o momento de fomentar a fonte seria “agora”, uma vez que o desenvolvimento de uma cadeia produtiva não ocorre instantaneamente, pois a curva de aprendizagem requer mais tempo.
Andrade lembrou que o grupo setorial chegou a contribuir com a ideia para o PDE 2020, no sentido de que o governo poderia, por exemplo, estabelecer uma meta de 2GW até 2020. “Achamos que seria interessante”, colocou ao acrescentar que mesmo que essa capacidade corresponda a apenas 1,5% da matriz dentro de oito anos, seria suficiente para viabilizar o desenvolvimento de uma cadeia produtiva. O diretor acha que somente a aprovação da microgeração de energia, não é suficiente para estimular a indústria solar por aqui. Hoje, o Brasil tem cerca de 24MW em projetos de Pesquisa e Desenvolvimento (P& D).
O Grupo de Trabalho fotovoltaico da Abinee reúne 150 empresas interessadas no estímulo à produção nacional de equipamentos fotovoltaicos, e que acreditam na necessidade de um estímulo governamental. “Isso só será possível caso a demanda seja provocada com projetos desenvolvidos aqui no Brasil”, ressaltou o executivo ao citar que, anos atrás, a energia eólica não era competitiva, tendo se tornado mais barata, após os incentivos. “O setor fotovoltaico também espera que essa atenção seja dada a ele”, expôs.
O representante do setor solar diz que o grupo pretende buscar uma interação cada vez maior com os agentes públicos, para provar que é possível implantar a solar a médio prazo. “Os preços estão caindo em todo o mundo e já houve um melhora significativa por aqui”, afirmou Andrade. O PDE cita que caso a tendência se confirme, a solar poderia ser inserida através da geração distribuída e concentrada em centrais solares, sem dizer quando alternativa poderá ocorrer.
Entusiasmo
Mesmo tendo consciência de que o mercado fotovoltaico no Brasil está em fase inicial de desenvolvimento, empresas estrangeiras preparam o terreno para quando a tecnologia solar deslanchar. A Solarplaza, por exemplo, acaba de trazer uma missão de executivos ao País. “Todos estão convencidos de que o Brasil pode começar lentamente, mas que irá se tornar um mercado importante”, falou Edwin Koot, CEO da Solarplaza.
Ele contou que já foram realizadas reuniões de negócios, e que podem resultar em novas empresas e parcerias no futuro, com novas abordagens de mercado e lançamentos de produtos no mercado local. “Não era esparado que os negócios fossem assinados em uma primeira visita”, ponderou. Para o CEO, este primeiro contato da empresa, no sentido de construir relacionamentos, despertou o interesse das empresas brasileiras em ter informações atualizadas do mercado global.
Koot analisa que a missão foi bem sucedida, fazendo com que a Solarplaza retorne no próximo ano. De acordo com o executivo, mundialmente o mercado surpreendeu a indústria fotovoltaica, com o desenvolvimento acelerado que desencadeou em rápidas quedas de preços.
fonte: http://www.jornaldaenergia.com.br/