Geração de energia limpa, retorno do investimento quando o equipamento ainda tem 70% de vida útil e redução significativa do custo com energia elétrica após alguns anos. Essa é a proposta do estudo “Análise da Inserção de Geração Solar Fotovoltaica em Grandes Consumidores do Rio de Janeiro”, defendido pelo aluno de Mestrado Profissional em Engenharia Urbana e Ambiental, o economista Pedro Comarella Nogueira, sob orientação do professor Reinaldo Castro Souza, do Departamento de Engenharia Elétrica do Centro Técnico Científico da PUC-Rio (CTC/PUC-Rio).
Tendo o prédio do Ministério da Fazenda, no Centro do Rio, como objeto do estudo, sua pesquisa confirmou que a economia com o uso de placas solares para a geração de energia pode chegar a aproximadamente 12%. Já o investimento inicial seria pago em torno de 7 anos e meio, considerando o melhor cenário possível, lembrando que as placas têm vida útil de 25 anos. “Se, com todas as restrições de sombra, confirmamos a economia e retorno do investimento, em grandes clientes como indústrias e empresas, a opção se torna ainda mais atraente”, reforça Prof. Reinaldo Castro Souza.
Pedro Nogueira focalizou sua tese de mestrado em clientes de média ou alta tensão no consumo elétrico, tais como indústrias, empresas e edifícios públicos, cuja curva de consumo coincide com a curva média de radiação solar. Os números brasileiros foram um estímulo ao estudo desenvolvido pelo economista: de acordo com a Agência Internacional para as Energias Renováveis, a eletricidade gerada por painéis solares é uma tendência que vem mostrando crescimento exponencial. Ela deve se tornar seis vezes maior até 2030, frente à redução do custo médio de produção, que pode chegar a 59% se comparada com seus concorrentes como gás natural e usinas de carvão. As previsões do Plano Decenal de Expansão de Energia com horizonte para 2024, elaborado pela Empresa de Pesquisa Energética – EPE, seguem a mesma linha, estimando que 7 GW da expansão prevista do parque elétrico nesse período sejam exclusivamente provenientes de geração fotovoltaica.
Para o estudo, foi elaborado um projeto integral que contemplou a implantação de placas solares no prédio do Ministério da Fazenda e análise de 12 cenários econômicos diferentes, como a questão cambial (tendo como parâmetro o euro a R$ 4,50, taxas de inflação, taxas de desconto (ou taxa mínima de retorno exigida pelo investidor), adoção ou não de crédito para investimento inicial, entre outros, para confirmar a viabilidade da iniciativa. “Busquei avaliar o real potencial técnico do prédio em questão, visto que nem todos são candidatos ideais para receber os módulos. No caso específico do trabalho, realizamos a modelagem 3D da edificação e a verificação do caminho percorrido pelas sombras decorrentes dos próprios elementos construtivos da cobertura, como também dos edifícios relevantes em seu entorno”, explica Pedro.
E complementa: “O que considero, de fato, um entrave à massificação da adoção da fonte solar é a escassez de alternativas de crédito incentivadas. O acesso a produtos creditícios de baixo custo e que promovam o fomento da energia solar é ainda muito restrito e limitado. Novas estratégias como a possibilidade de utilização do FGTS para a compra dos módulos ou isenção de tributos incidentes sobre os mesmos também são bem-vindas”.
O orientador Prof. Reinaldo Castro Souza ressalta: “Após a recuperação do investimento inicial, a energia solar é praticamente gratuita e a economia se estenderá enquanto o sistema estiver em funcionamento”. Os impactos positivos da adoção de energia renovável foram observados de imediato. Em relação à questão ambiental, a conversão de energia solar não envolve emissão de gases do efeito estufa como dióxido de carbono, óxido de nitrogênio e mercúrio na atmosfera, produzindo energia limpa, sem contribuir para o aquecimento global, chuva ácida ou mistura de neblina e fumaça. Diferentemente de hidrelétricas e termoelétricas, a instalação de módulos de conversão de energia solar requer pouca intervenção humana e adaptações. Pedro destaca ainda que, por se tratar de um prédio muito antigo certamente existem inúmeras janelas de oportunidade para a redução de consumo, desperdício e busca por soluções internas mais eficientes que maximizariam os possíveis ganhos advindos da instalação fotovoltaica.
O Brasil, por ser um país tropical, torna viável a produção de energia solar em praticamente todo seu território. “Nosso país, sob um olhar estratégico, possui inúmeras dotações naturais oportunas para o aproveitamento solar, tendo por exemplo altos níveis de irradiação solar, variando entre 1.200 e 2.400kWh/m2/ano. Esses valores de irradiação solar incidente em grande parte do país superam os números encontrados em muitos países que investem e incentivam o uso da energia solar, como a Alemanha”, frisa Pedro.