Justamente no momento em que o país enfrenta grandes dificuldades para manter o abastecimento de energia, Minas Gerais busca uma alternativa regional. O Estado será o segundo do Brasil a realizar um leilão estadual de energia dedicado à matriz fotovoltaica. As regras do certame, que ocorrerá neste ano, serão anunciadas em breve, conforme antecipou o subsecretário de Estado de Política Mineral e Energética, Paulo Sérgio Machado Ribeiro.

A ideia é ampliar a capacidade nacional de geração, uma vez que o insumo produzido no Estado será adicionado à rede de transmissão do país. E, ao mesmo tempo, estimular a cadeia local e atrair novos fornecedores de equipamentos e placas fotovoltaicas. Qualquer empresa poderá participar do leilão, sendo que a única limitação é que o parque gerador esteja instalado no Estado. “Vamos, ao mesmo tempo, reduzir os riscos de apagão e ajudar os fornecedores a permanecerem no Estado, com preços competitivos”, afirma Ribeiro.

A estimativa do secretário é que os preços do insumo gerado pelo novo parque, que se formará graças ao leilão, sejam mais competitivos do que os negociados atualmente. Algumas empresas já estão sendo convidadas para participar da licitação, mas os detalhes ainda serão publicados em edital. Após a realização dessa concorrência, o governo pretende realizar leilões voltados para a geração de outros tipos de energia alternativa.

Esse será o segundo leilão estadual de energia do país. A primeira iniciativa aconteceu em Pernambuco, em 27 de dezembro do ano passado. Foram contratados seis projetos de empresas provenientes da Alemanha, Itália, China, Espanha e Brasil, com um montante de geração de 122 megawatts.

Mais caro – Porém, em Pernambuco os preços da energia negociada ficaram mais altos do que os dos últimos leilões do governo federal. No certame estadual, o valor médio ficou em R$ 228,63 o megawatt (MW). Nos leilões federais ele havia ficado em R$ 126 o MW no A-3 e a R$ 122 no A-5. Foi necessário fixar um teto mais alto no leilão estadual para que os empreendimentos fossem viabilizados. Para não penalizar os consumidores, foi criado um fundo, por meio do Programa Pernambuco Sustentável, para que fosse cobrado dos compradores do insumo a média de R$ 164 o MW.

O diretor da CMU Comercializadora de Energia, Walter Luiz de Oliveira Fróes, acredita que a iniciativa será positiva para o Estado. “Todo trabalho para desenvolver fontes alternativas nesse cenário atual é bem-vindo. O que é preciso trabalhar é a questão dos preços, que estão altos. Mas, na medida em que for produzido em larga escala barateia”, afirma. O especialista explica que em Pernambuco o governo se comprometeu a comprar todo o estoque de energia para tornar o certame mais atraente para os investidores.

Em Minas Gerais, caso seja seguido o mesmo modelo, a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) poderia servir de instrumento para essa aquisição, uma vez que ela possui estrutura de distribuição do insumo. Procurada pela reportagem, a Renova, braço da Cemig de energia renovável, não confirmou a participação da empresa no leilão estadual. O leilão faz parte de uma iniciativa mais ampla do governo de Minas, que criou o Programa Mineiro de Energias Renováveis para estimular essa cadeia.

Fonte:http://www.diariodocomercio.com.br/

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