O governo pretende realizar no segundo semestre deste ano um leilão de energia de reserva dedicado a projetos de energia solar, eólicos e termelétricos movidas a biomassa (principalmente a partir de biogás e resíduos sólidos), disse nesta segunda-feira o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim.
No leilão, as três fontes não vão concorrer entre si. “Serão três produtos. Um eólico, outro solar, em que a solar disputa com a solar, e outro de resíduos sólidos”, disse Tolmasquim, durante seminário da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
Ele explicou que, como hoje a eólica tem energia mais barata do que as demais, se disputasse junto com elas não haveria muita chance para as duas outras fontes.
O presidente da EPE porém, acredita que, no futuro, com o aumento do seu uso, a tendência é de que a solar também reduza seus preços, como aconteceu com a própria energia eólica.
Como há poucos fabricantes nacionais de equipamentos para a energia solar, Tolmasquim defendeu que o índice de nacionalização de componentes – exigido inclusive, para empréstimos no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)- comece num patamar menor.
“Primeiro passo é criar a demanda para atrair as empresas. O leilão é um mecanismo de criar demanda. Com uma estratégia de médio prazo de aumento do índice de nacionalização, de tal maneira que você comece importando mais, mas ao longo do tempo consiga aumentar o conteúdo nacional”, disse.
Esse leilão de energia de reserva integra um amplo esforço do governo para viabilizar, entre 2014 e 2018, leilões de energia para a contratação de um total de 38,269 mil megawatts (MW) novos.
Desse total, o governo estima que 14,679 mil MW devem ser oriundos de usinas hidrelétricas e 7,5 mil MW deverão vir de usinas termelétricas movidas a gás natural ou carvão.
Segundo Tolmasquim, os leilões que ocorrerão até 2018 deverão, ainda, contratar 9 mil MW de centrais eólicas e 3,5 mi MW de empreendimentos de energia solar. As usinas a biomassa devem vender o equivalente a 2,380 mil MW e as Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs), mais 1,2 mil MW.
Em sua apresentação, Tolmasquim lembrou de outros dois leilões já marcados para este ano. O próximo, no dia 6 de junho, vai negociar contratos para fornecimento de energia a partir de 2017 (A-3).
No dia 12 de setembro, será a vez do leilão A-5, em que estarão em disputa contratos para fornecimento de energia a partir de 2019. Para esse leilão, o governo elevou para 250 reais por megawatt-hora o limite do Custo Variável Unitário (CVU), que em leilões anteriores ficava entre 100 e 150 reais.
“Nós aumentamos o custo variável justamente para abrir espaço para as térmicas que usam Gás Natural Liquefeito (GNL), que é mais caro”, explicou Tolmasquim, após palestra no seminário sobre infraestrutura da Fiesp.
Em sua apresentação, Tolmasquim reforçou que, apesar das condições climáticas adversas que levou ao baixo nível dos principais reservatórios do país, o sistema elétrico trabalha, neste ano, com um excedente de energia de cerca de 5,5 mil MW médios.
Ele ressaltou que esse excedente está previsto mesmo com o atraso em alguns empreendimentos, como é o caso da usina hidrelétrica de Jirau (RO), que, segundo ele, postergou para 2015 a entrada de 12 máquinas, que totalizam 900 MW e que estavam previstas para este ano.
Fonte:http://br.reuters.com/