O preclaro Ministro de Minas e Energia, Edison Lobão jamais passou, em sua já muito longa carreira política, onde sempre ocupou cargos de notoriedade, por um momento astral e midiático tão favorável como este. Afinal de contas, um dia após garantir firmemente à Nação de que não vamos ter racionamento de energia, a chuva despencou em doses abundantes e já cobre todo o território nacional (exceto o pobre sertão pernambucano – afinal, ninguém é perfeito). A maneira como contrariou a opinião de importantes analistas demonstra que o Ministro já estaria de posse de informações colhidas diretamente com São Pedro, dizem os comentários maldosos das redes sociais.
O fato é que ele tem todas nossas termelétricas acionadas a pleno vapor, movidas por carvão, óleo ou gás. Com isto ainda traz um benefício paralelo, pois aumenta a receita da Petrobras com compras de gás natural. Tais usinas, como se sabe, tem baixo custo de investimento e alto custo operacional. A eletricidade do País está sendo gerada a valores caros, no mesmo momento em que a Presidenta Dilma Rousseff sancionou a Medida Provisória 579, que prevê regras para redução das tarifas de energia elétrica, em média, de 20,2% no mês que vem, para todos os consumidores brasileiros. Sem problemas: o Tesouro Nacional dá uma ajuda para que a promessa seja cumprida.
No mesmo momento, e com profunda tristeza, leio que “ o interesse de usinas sucroalcooleiras por investimentos em cogeração com bagaço de cana-de-açúcar se apresenta entre os mais baixos dos últimos anos. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o principal financiador desse tipo de negócio no país, tem hoje em carteira apenas dois projetos de cogeração!” Valha-me Deus!
Com base nisto tudo, venho sugerir ao Ministro Lobão, respeitosamente, que aproveite este momento tão oportuno e sugira à nossa Presidenta que crie um Ministério absolutamente independente do seu, que cuide exclusivamente das Energias Renováveis. Para começar não precisa fazer muito – basta incluir nesta Pasta a geração de energia da biomassa, da energia solar e da eólica. Não é preciso grande orçamento para gerir um Ministério como este – a iniciativa privada cuida sozinha. Basta que o Governo lhe dê os instrumentos adequados para conseguir produzir eletricidade com economia de escala e vendê-la a preços competitivos. Não preciso enumerar o sem número de benefícios que isto traria ao País.
Acima de tudo, pouparia nosso Ministro Lobão de passar por sustos tão grandes como este (do risco de racionamento) que se seguiram a outros tantos com os “apaguinhos” do segundo semestre passado. Bom para ele e bom para nós…
fonte: http://exame.abril.com.br/
Por Paulo Costa