O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, está aproveitando a sua visita de três dias à Califórnia para arrecadar fundos e promover medidas de combate à mudança climática. Obama intensifica, assim, a sua luta contra a poluição, três dias depois de manifestar o seu apoio na televisão a um relatório da Casa Branca que alerta para as consequências do aquecimento global.
Na sexta-feira de manhã, ele escolheu uma loja do supermercado Walmart, em Mountain View, para promover o uso de energias limpas e renováveis. “Pode parecer que este seja um Walmart típico, mas não é. E é por isso que estou aqui”, disse o presidente, destacando que a loja usa painéis solares, iluminação de LED e um sistema de refrigeração que economiza energia e ajuda a criar empregos.
“Hoje os Estados Unidos estão mais perto de serem independentes de energia, algo que não conseguiu por décadas”, disse ele, referindo-se ao aumento na produção de gás e petróleo. “Estamos produzindo mais energia tradicional, mas também estamos nos tornando o país líder em fontes de energia do futuro”, acrescentou. “A energia solar está cada vez mais barata e é cada vez mais fácil usá-la”.
O aumento do nível dos mares, a seca, os incêndios, as tempestades, nada disso é bom para a economia. A mudança climática é real e temos de agir”
Para reforçar o seu argumento, ele disse que o custo dos painéis solares caiu 60% e a sua produção aumentou 500%. “Temos muito trabalho a fazer e eu quero trabalhar de perto com o Congresso”, disse ele, mesmo sabendo que nem todos os parlamentares apoiam a sua posição.
“Construir edifícios mais eficientes é um dos segredos para combater a mudança climática e criar postos de trabalho”, acrescentou. A iniciativa foi lançada pelo Departamento de Energia há três anos, e os primeiros resultados indicam que 190 empresas e organizações já aderiram ao plano, conseguindo economizar 300 milhões de dólares em energia (665 milhões de reais).
O próprio Walmart se comprometeu a duplicar até 2020 o uso de energia solar em suas lojas. Atualmente, a empresa já é a número um no uso desta fonte de energia, de acordo com a Associação da indústria de energia solar (Solar Energy Industry Association), e é reconhecida como a maior consumidora de energia solar dos EUA, segundo a US Enviromental Protection Agency’s Green Power Partnership. No entanto, a versão do grupo ambiental Amigos da Terra (Friends of the Earth) é muito diferente: “O Walmart não informou sobre a emissão de gases de efeito estufa que gera e também não cumpriu com os seus compromissos ambientais em 2012”.
“O setor privado está fazendo a sua parte”, disse Obama, “e vamos fazer o mesmo no setor público”. “Vamos redobrar, no governo federal, os nossos esforços para tornar os nossos edifícios mais eficientes”. De acordo com a ordem executiva divulgada na sexta-feira, serão destinados 2 bilhões de dólares (4,5 bilhões de reais) para isso. Também haverá programas de treinamento em escolas para preparar mais de 50.000 trabalhadores que se juntarão ao setor de energia solar até 2020.
Trata-se do mais recente esforço de Obama no uso do seu poder executivo para tentar reduzir as emissões de carbono e mitigar o impacto da mudança climática, já que o Congresso não reuniu os votos suficientes para aprovar essas medidas.
O custo dos painéis solares caiu 60% e a sua produção aumentou 500%
“Sabemos perfeitamente que gerar energia mais limpa pode ser bom para os negócios e os consumidores, e também para o mundo que vamos deixar para nossos filhos. O aumento do nível dos mares, a seca, os incêndios, as tempestades, nada disso é bom para a economia. A mudança climática é real e temos de agir”, disse Obama no supermercado.
O presidente se queixou daqueles que rejeitam as evidências da mudança climática: “Mesmo os republicanos fora da capital sabem disso, mas em Washington temos aqueles que dizem o contrário e estão gastando o tempo de todos”.
Enquanto o presidente discursava, várias centenas de pessoas se reuniram em torno do Walmart – alguns atraídos pela presença de Obama e outros para protestar contra a sua visita à loja e denunciar os baixos salários e os benefícios reduzidos oferecidos pela empresa, além da discriminação contra as mulheres.
Fonte:http://brasil.elpais.com/