Empresa do grupo Eletrobrás com maior participação em fontes alternativas de energia, a Eletrosul prepara-se para inaugurar, em março de 2014, projeto inédito de geração de energia solar em sua sede, localizada em Florianópolis (SC). Com painéis solares instalados no teto do edifício e nos estacionamentos, a central terá potência de 1 megawatt (MW), suficiente para abastecer 570 residências. Segundo o presidente da companhia, Eurides Mescolotto, a ideia é preparar a empresa, hoje uma das maiores geradoras eólicas do país, para entrar definitivamente neste mercado.
“A energia solar ainda é mais cara, mas já está vindo. Imagino que, daqui a dois anos, será bem competitiva”, diz o executivo. Este ano, pela primeira vez, parques fotovoltaicos se habilitaram para participar de um leilão de energia do governo. Mas ainda não foram bem sucedidos. Por enquanto, a energia gerada na sede da Eletrosul será vendida em parceria com a distribuidora estadual Celesc e para grandes clientes com interesse em associar sua imagem às energias limpas. Mescolotto, no entanto, vê boas perspectivas em um futuro próximo.
“Obviamente, temos muito interesse em entrar na fonte, por isso fizemos esse protótipo, para nosso pessoal aprender. Temos vários medidores distribuídos por aí, avaliando o potencial, principalmente na região sul”, comenta o executivo. Além disso, a empresa tem uma parceria com a Universidade do Extremo Sul Catarinense (Unesc) no desenvolvimento de tecnologia para a fabricação de painéis fotovoltaicos. “Na Alemanha, por exemplo, a energia solar é competitiva, porque maioria das fábricas estão lá.”
Completando 45 anos este mês, a Eletrosul foi a única empresa do grupo Eletrobras dilapidada pelo Programa Nacional de Desestatização (PND). Em 1998, teve a área de geração vendida para o grupo belga Suez e viveu até 2003 sem poder investir. Com a eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, as estatais foram retiradas do PND e retomaram a capacidade de investimento, com o objetivo de ampliar a segurança no fornecimento de energia após o racionamento de 2001. Os primeiros projetos foram usinas de hidrelétricas oferecidas em leilões ou pequenas centrais hidrelétricas na região sul.
Embora mantenha aportes em grandes projetos estruturantes, como as usinas do Rio Madeira, a empresa tem focado em fontes alternativas, notadamente, parques eólicos. “Nosso pessoal não ficou parado e um grupo se especializou em estudar a questão dos ventos, principalmente no sul. Fizemos um primeiro mapa eólico do Rio Grande do Sul. E foi interessante, porque depois a eólica começou a ganhar força”, recorda Mescolotto. No primeiro leilão, em 2009, a empresa incluiu um projeto em Santana do Livramento (RS), sua estreia neste segmento.
Hoje,a empresa tem participação em 46 projetos eólicos no sul, com potência total de 782,5 MW, investimento total de R$ 3,5 bilhões. Destes, 15 projetos foram incluídos no último leilão A-3 (que contrata energia para início de operação em três anos) do governo, com uma contribuição de 215,5 MW com a capacidade instalada da companhia. O foco geográfico hoje é o extremo sul do país, região que Mescolotto chama de “Itaipu dos ventos”. Mas a companhia começa a olhar para áreas no Nordeste, onde hoje está concentrada a maior parte dos projetos desta fonte energética. Com todos os projetos em curso, a empresa prevê chegar a 2016 com 2 gigawatts (GW) em ativos de geração de eletricidade.
Fonte:http://economia.ig.com.br/