O BNDES estima que nos próximos anos, o setor de energia solar terá crescimento significativo no Brasil, assim como já acontece com o mercado eólico
O setor de energia solar está prestes a viver o seu boom no Brasil, a exemplo do que ocorre atualmente com o mercado eólico. Pelo menos é isso que espera o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDES), que promete não poupar esforços para alavancar este segmento.
“Entre todas as linhas de crédito existentes no banco, as destinadas para o setor solar são as que têm as melhores taxas, exatamente para induzir novos investimentos nessa área”, diz Antonio Carlos de Andrada Tovar, chefe do departamento de fontes alternativas da instituição.
Segundo Tovar, no momento, o banco tem mantido contato com diversos empreendedores estrangeiros fabricantes de painéis fotovoltaicos, com o objetivo de convencê-los a produzir os equipamentos no Brasil e, assim, se beneficiarem do crédito barato oferecido pelo banco e também do enorme potencial de crescimento deste mercado.
“A gente não pode perder a oportunidade de desenvolver uma base fabril sólida no Brasil, para que futuramente não precisemos comprar painéis fotovoltaicos de outros países”, enfatiza.
Para ter acesso às linhas do BNDES, as companhias precisam fabricar no Brasil pelo menos 60% do conteúdo dos equipamentos, explica o executivo. Especificamente para o segmento de energia solar, o banco de fomento pretende atuar em três áreas de financiamento.
A primeira visa atingir empresas interessadas em construir fábricas de produção de painéis fotovoltaicos similares às existentes em países europeus, asiáticos e da América do Norte.
Outra vertente buscará destinar recursos a empreendedores que desejam instalar projetos de geração de energia solar no País, cujos investimentos podem variar de R$ 50 milhões a até R$ 1 bilhão, dependendo do tipo e tamanho do parque gerador escolhido. E, por fim, o BNDES também direcionará verba a empresas que objetivam exportar os equipamentos fabricados em plantas brasileiras.
“O Brasil poderá se transformar num importante polo exportador de painéis fotovoltaicos, sobretudo nos mercados da América do Sul onde também há um grande potencial para o desenvolvimento da energia solar, como Chile e o Peru”, afirma. Na avaliação de Tovar, além do apoio técnico e financeiro do BNDES, o setor brasileiro de energia solar foi favorecido por resoluções da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), de abril deste ano, que buscam estimular a geração distribuída de energia elétrica por micro (até 100kW) e mini geradores (entre 100kW e 1MW), para consumo próprio.
“Agora os consumidores poderão injetar a energia produzida pelos painéis fotovoltaicos na rede de distribuição, reduzindo o montante do valor que é mensalmente faturado pela distribuidora”, explica. Essa medida da Aneel se estende também a outras fontes incentivadas, como eólica, biomassa e Pequena Central Hidrelétrica (PCH).
No entanto, segundo Tovar, a resolução deve favorecer, sobretudo, o setor solar, até então carente de regulamentações adequadas. “É preciso levar em conta a alta incidência de raios solares no País, o que proporciona um imenso potencial de geração de energia a partir dessa fonte”.