01/08/2011 – Autor: Nichola Groom e Christoph Steitz – Fonte: Reuters

Investidores em energia solar devem se preparar para os relatórios dos péssimos ganhos do segundo trimestre que serão divulgados nas próximas semanas, embora o resto do ano deva dar algum alívio às ações solares, à medida que o preço dos paineis estabilizam e as margens de lucro se recuperam.

O mercado solar provavelmente encolheu no segundo trimestre, depois que a retração nos subsídios do mercado solar da Itália paralisou o desenvolvimento de projetos, criando um excesso de oferta de paineis solares no mercado e desencadeando uma queda de mais de 20% nos preços.

“Provavelmente, foi o trimestre mais desafiador que vimos desde a crise financeira”, disse Jeff Bencik, analista da Kaufman Bros. “Os volumes estão começando aumentar, mas temos um declínio nos preços de 25% a 30% em toda a cadeia de abastecimento”.

A energia solar depende dos subsídios governamentais para competir com a eletricidade gerada pelos combustíveis fósseis como o carvão e gás natural. Em geral, quedas no preço da energia solar são boas para a indústria – mas os fabricantes se prejudicam se não podem cortar os custos a uma taxa similar.

Os módulos solares custavam cerca de US$ 1,80 por watt no primeiro trimestre, e estão sendo vendidos agora por US$ 1,40 por watt ou menos.

Essa queda teve um grande custo na margem de lucro dos fabricantes e levou seus estoques a uma rápida queda.

Clique aqui para ver um gráfico comparando as empresas solares.

As margens brutas dos fabricantes de módulos fotovoltaicos caiu cerca de 25% nos últimos seis meses, de acordo com a empresa de pesquisa IMS Research.

A temporada de relatórios solares começará com os resultados da First Solar Inc em 2 de agosto, seguido um dia depois por relatórios da norte-americana MEMC Electronic Materials e da fabricante de equipamentos solares GT Solar.

Muitas companhias solares alemãs, incluindo a SolarWorld, Centrotherm, Phoenix Solar e SMA Solar, estão programadas para lançar seus resultados na segunda semana de agosto.

Mas algumas das grandes firmas solares – incluindo a norte-americana SunPower Corp e a chinesa Renesola Ltd – já alertaram para os fracos resultados do segundo trimestre.

A alemã Q-Cells SE, que apresentará os resultados em 12 de agosto, também afirmou que a demanda se manteve fraca durante o segundo trimestre do ano, enquanto a norueguesa Renewable Energy Corporation sofreu um prejuízo de US$ 1,16 bilhão, devido a fábricas subutilizadas.

A agitação da indústria também pesou nos preços das ações. O índice MAC Solar Energy caiu 27% desde o começo do segundo trimestre.

Muitos esperam que os lucros das empresas solares aumentem na segunda metade do ano, à medida que os preços mais baixos dos paineis criarem uma nova onda de demanda.

A fabricante de inversores solares Power-One, por exemplo, declarou na quinta-feira que suas vendas no terceiro trimestre seriam beneficiadas pelo aumento nas vendas dos crescentes mercados da América do Norte e da Ásia, assim como pelo crescimento do mercado na Alemanha.

O anúncio da SunPower nesta semana também indica que a demanda é grande, já que a companhia disse que sua receita terá uma alta em relação ao previsto anteriormente, apesar das margens de contração.

O aumento da demanda deve ajudar a conter a rápida queda nos preços que prejudicou a indústria nos últimos meses.

“Muitas companhias estão tendo aumento nos volumes, o que é uma boa notícia”, afirmou Jon Sigurdsen, gestor de fundos da DnB NOR de Oslo. “Muito recentemente, muitas companhias disseram que os preços estavam estabilizando”.

No geral, as perspectivas para o resto do ano devem ser positivas, declaram os analistas, mas alertam para uma nova rodada de cortes nos subsídios em 2012.

“O próximo corte nas tarifas de aquisição, em janeiro de 2012, está muito próximo”, afirmou Michael Tappeiner, analista da Unicredit, em Munique. “Será muito difícil para o setor como um todo”.

A questão é se os investidores vão entrar de cabeça no setor e aproveitar os estoques solares a preço de barganha, agora que o pior de 2011 já passou.

“Será que os investidores participarão daquele rali de novo como fizeram nos últimos anos, sabendo que é um êxito passageiro? Ou eles vão dizer ‘Sabe de uma coisa? Isso é uma perda de tempo’”, questionou o analista da Baird, Michael Horwitz, acrescentando que espera ver alguns alemães e alguns chineses deixando o negócio no próximo ano.

“Você não pode ter 20 participantes em cada parte da cadeia de valores”, disse ele.
Traduzido por Jéssica Lipinski

Leia o original (inglês)

Fonte:http://www.institutocarbonobrasil.org.br/

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