O cluster fotovoltaico tem condições para prosseguir, evoluir e contribuir significativamente para o desenvolvimento tecnológico, económico e social de Portugal, afirma Maria João Rodrigues. Presidente da Apisolar – Associação Portuguesa da Indústria Solar ela adianta que a associação está  trabalhando em uma metodologia para calcular o peso desta indústria no PIB.

É possível antecipar o valor potencial da energia solar no PIB nacional?

Esta é uma questão pertinente, mas de difícil quantificação. A Apisolar encontra-se atualmente a desenvolver uma metodologia de avaliação destes indicadores, baseada em uma pesquisa anual com seus associados. Não obstante, é importante salientar que a Apisolar estima que o setor solar é responsável por pelo menos 6 mil postos de trabalho, um terço dos quais deverá ser de licenciados e pós-graduados. Adicionalmente, o setor solar contribui muito significativamente para o desenvolvimento regional, uma vez que a atividade do setor se encontra fortemente distribuída por Portugal continental e ilhas; e para o desenvolvimento do conhecimento através de atividades de investigação e desenvolvimento. É também importante realçar o perfil de exportação da indústria portuguesa.

O sector da construção e obras públicas é aquele onde, aparentemente, deveriam acontecer as maiores inovações, tendo por base o aproveitamento da energia solar. Isso está acontecendo ou são mais as intenções do que as obras concretizadas?

A adopção de sistemas solares térmicos em edifícios residenciais novos (ou grandes remodelações) é imposta por lei, nomeadamente através do Sistema de Certificação Energética de Edifícios. No caso dos sistemas solares fotovoltaicos, a adoção é realizada essencialmente em edifícios residenciais existentes, não havendo grande expressão de aopção em novas construções, e assim no setor da construção.

Quais os objetivos da iniciativa para esta quinzena denominada “Intelligence Energy Europe”? O que está previsto para Portugal?

A quinzena designada por “Dias Europeus do Sol”, projeto financiado pelo programa europeu “Intelligent Energy Europe”, tem como objetivo sensibilizar, enquanto educando, a sociedade civil para a utilização de energia solar. Pretendemos em Portugal, de norte a sul e nas ilhas, envolver o maior número de cidadãos, de diferentes faixas etárias, formações e sensibilidades, na celebração desta fonte renovável de energia.

Pretendemos promover um espírito de cidadania solar, reconhecendo o sol como parte integrante de um futuro sustentável em que todos temos responsabilidades, mas também com o qual todos podemos efetivamente lucrar, sendo esta uma aposta de investimento segura.

O que tem feito a Apisolar para sensibilizar os cidadãos nacionais para o potencial da energia solar?

A Apisolar tem focado nos últimos quatro anos a sua atividade de sensibilização da sociedade civil essencialmente na comemoração dos “Dias Europeus do Sol”, participando ainda frequentemente em conferências, colóquios e seminários organizados por terceiros.

De que forma são aproveitadas as decisões como a recente REN que vai investir centenas de milhões de euros no setor?

Genericamente, o interesse das grandes empresas nacionais no setor solar é demonstrador que este é um setor de futuro, no qual podemos e devemos continuar a investir.

Catástrofes recentes como a que aconteceu na central nuclear do Japão, já levou a líderes europeus, como a chanceler Merkel, a falar em energias alternativas para substituir o nuclear no seu país.

Este tipo de declarações estimula a otimização da energia solar para fins económico-industriais?

Essencialmente, este tipo de declarações aumenta a visibilidade do setor das energias renováveis em geral, incluindo o da energia solar. Este aumento de visibilidade, conjugado com um sistema de incentivos adequado, tem o potencial de aumentar o número de agentes económicos sensibilizados para a utilização destas tecnologias, com consequências que se esperam positivas na adoção destes sistemas nos mais diversos setores económicos.

Quais as grandes diferenças na ótica dos consumidores, entre a opção solar térmica e solar fotovoltaica?

A energia solar térmica e a fotovoltaica não são opcionais entre si mas sim complementares: enquanto os sistemas solares térmicos produzem água quente que pode ser utilizada nas águas sanitárias correntes ou em sistemas de aquecimento ambiente e de piscinas, os sistemas solares fotovoltaicos produzem eletricidade que, em Portugal, pode ser vendida à rede elétrica pública com uma tarifa bonificada.

É possível a Portugal, nas atuais condições económicas, continuar a apostar nas energias alternativas para substituir o fóssil?

Não só é possível como é desejável. Deve-se a este respeito referir que o elevado preço dos combustíveis fósseis é parte integrante do problema do déficit da economia portuguesa, face à forte dependência que temos das importações de energia. Quanto mais utilizarmos os recursos que são nossos, maior o valor que potencialmente fica no país, mesmo que para isso sejam necessários investimentos iniciais.

O cluster fotovoltaico em Portugal tem condições para prosseguir?

O cluster fotovoltaico tem condições para prosseguir, evoluir e contribuir significativamente para o desenvolvimento tecnológico, económico e social de Portugal conquanto se mantenham estáveis os enquadramentos de políticas públicas, nomeadamente os sistemas de incentivo à micro e mini-geração.

Adaptado por Studio Equinócio

Fonte: http://www.oje.pt/

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