Estudo aponta potencial de geração de 13 TWh-ano o suficiente para atender a 4,6 milhões de residências
Mauricio Godoi, da Agência CanalEnergia, Artigos e Entrevistas

O governo de São Paulo lançou recentemente o atlas solar do estado que apontou um potencial de gerar energia suficiente para atender a demanda de 4,6 milhões de residências com 13TWh-ano, o mesmo volume de energia solar produzido atualmente pela Alemanha. Esse é mais um estudo da série que São Paulo vem lançando com ênfase no desenvolvimento de fontes renováveis e cuja meta é a atração de toda a cadeia de desenvolvimento para a região.

No caso da energia solar, o subsecretário de Energias Renováveis, Milton Flávio Marques Lautenschlager, diz que o estudo prova aos investidores que São Paulo pode ser atrativa para este tipo de geração, principalmente da metade do estado até sua divisa, a Oeste, com o Mato Grosso do Sul. O subsecretário é um dos palestrantes convidados do 2º Fórum Cogen/CanalEnergia: Potencial e Perspectivas da Energia Solar do Brasil (saiba mais), que acontece em 5 de julho, no Rio de Janeiro.

Veja a seguir os principais trechos da entrevista concedida à Agência CanalEnergia:

Agência CanalEnergia: Qual é o potencial de energia solar do estado de São Paulo?

Milton Flávio: O estado de São Paulo possui diferentes potenciais dependendo da região. Se adotarmos a melhor área com o melhor nível de insolação com equipamentos de capacidade média, alcançamos 13 TWh-ano o que equivaleria ao abastecimento de 4,6 milhões residências, 30% da demanda de todo o estado e o que a Alemanha produz atualmente. Essa avaliação foi feita com base nos dados do INPE que utilizou satélite para verificar o potencial solar e usando esses dados projetamos essa capacidade. Contudo, esses dados são de 2007 e em uma avaliação mais acurada e com equipamentos de maior precisão esse potencial tende a ser maior. A resolução dos equipamentos usados é de 10 km por 10 km.Conversei com uns espanhóis que fizeram a avaliação do que ocorre com o vento por aqui e vemos que a vantagem da insolação por aqui é que ela é estável, não apresenta variações como o vento. Com esses dados, verificamos que o estado inteiro tem boas regiões para a energia solar. As piores são a cidade de São Paulo e o litoral em função da alta nebulosidade que temos com a Serra do Mar. Mas da região de Araçatuba para o Oeste do estado todas as regiões são boas.

Agência CanalEnergia: Como o senhor compararia esse potencial com o que já se tem de conhecimento sobre esse pontecial no país?

Milton Flávio: Eu diria que é comparável às melhores áreas do país e que no Brasil está no Nordeste. Excluindo a área da capital, o potencial do estado não perde em nada para outras regiões brasileiras e tem uma grande vantagem, está próxima do centro consumidor evitando assim o gasto excessivo com a conexão.

Agência CanalEnergia: Quais são os objetivos do governo com a publicação desse estudo?

Milton Flávio: O atlas serve para mostrar aos investidores da geração distribuída que já podem trazer investimentos para cá, apesar de que para fazer um novo projeto é necessário que se faça estudos específicos, isso para usinas de maior capacidade. Outra coisa que pretendemos fazer agora, e o secretário tem trabalhado nesse sentido, é estimular a realização dos leilões por fonte e por região e incentivar as renováveis e seguir o exemplo da eólica que trouxe escala e custos competitivos com o aumento do aprendizado sobre o crescimento dessa fonte.Temos ainda a ideia de atrair a cadeia de fornecimento para o nosso estado, há vários fabricantes e investidores que dizem que ao se apontar para uma demanda que justifique, a indústria de máquinas e equipamentos está disposta a vir para o Brasil e fabricar esses bens em território nacional e queremos trazê-las para o estado de São Paulo.

Agência CanalEnergia: Com esses dados em mãos quais são os próximos passos que o governo planeja para o setor?

Milton Flávio: No momento avaliamos se há validade de contratar outro estudo mais detalhado. Não queríamos perder tempo com a elaboração do primeiro estudo e ver qual é a potencialidade da região. O governo acredita na potencialidade e está disposto a investir e criar programa que permitam retrofit de residências comércio e outros atividades econômicas cujos prédios tenham extensões de telhado para usar essa energia solar. O payback que se estima é de sete a oito anos e linha de financiamento adequado que temos com o BNDES e Desenvolve SP é atrativo.

Agência CanalEnergia: Essas iniciativas de incentivo podem chegar em quanto tempo ao mercado?

Milton Flávio: Essas são medidas que devem ser equacionadas de forma rápida. Tivemos uma reunião na semana que passou com linha disponível e energia verde de maneira em geral e estamos configurando programa específico para juros melhores que hoje é oferecido e com taxas de juros de 5% ao ano, além do tempo de carência. Isso é possível, já oferecemos taxas semelhantes em situações específicas como em retrofit de caminhões no cais do porto de Santos e em outros programas.
A secretaria de energia de meta ambiciosa de elevar de 55% para 69% a participação das fontes renováveis na matriz energética do estado até 2020. Para atender a essa demanda precisamos mais que ousadia, precisamos de iniciativas.

O Atlas Solar de São Paulo está disponível para assinantes na seção Biblioteca do CanalEnergia Corporativo
Fonte:http://www.canalenergia.com.br/

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