O mercado europeu de solar térmico voltou a cair durante o ano de 2010, desta vez, 13%, comparativamente ao ano de 2009. Os dados estatísticos da ESTIF (European Solar Thermal Industry Federation) para os mercados dos 27 Estados-Membros da União Europeia (UE) e Suíça, apresentados na semana passada, mostram que, durante o ano anterior, foram instalados 3.694.940 novos m2 de coletores solares térmicos, o que equivale a 2.586 MWth de nova capacidade instalada, contrapondo-se aos 4 milhões m2 instalados em 2009 e aos 4,75 milhões m2 em 2008. Apesar destes números, o mercado europeu mantém-se ainda acima dos níveis registados em 2007 e a ESTIF espera que a situação se inverta em breve.

Segundo o secretário geral da ESTIF, Xavier Noyon, “um dos fatores que contribui para esta queda é a falta ou a natureza imprevisível dos quadros de incentivos. Os ciclos de pára-arranca que daí resultam e o adiar de decisões afetaram adversamente as vendas e minaram a confiança dos investidores e consumidores. Porém, este é o terreno para otimismo: a análise dos Planos Nacionais de Ação para as Renováveis consolidados, apresentados no princípio deste ano por cada um dos 27 Estados-Membros, mostram que durante a próxima década a quota da energia solar térmica deverá aumentar em 15% por ano. Esperemos que isto se materialize no mercado”, explica.

O mercado alemão permaneceu como o maior na Europa, tendo, no entanto, caído 29% em 2010. Em termos de nova área instalada, foram alcançados 1.150.000 m2 (805MWth), o que coloca o mercado em valores perto dos registados em 2007. Os outros mercados principais, como os italiano, espanhol, austríaco, francês e grego, com valores entre os 200.000 e os 500.000m2 de nova área instalada, comportaram-se de forma diversa em 2010. Por um lado, na Grécia e na Itália, registou-se um crescimento ligeiro, com o mercado italiano a confirmar os seus níveis de 2009, na ordem dos 500.000m2; por outro, Áustria, Espanha e França caíram, sendo esta a segunda vez seguida para o mercado francês.

Mercados que estão em desenvolvimento, ou, por outras palavras, cuja nova área instalada continua abaixo dos 200.000m2 mas acima dos 50.000m2, cresceram num total de 8,8%. Deste grupo fazem parte Portugal, Polónia, Suíça, República Checa, Dinamarca e Reino Unido. Porém, o crescimento combinado destes mercados de 40.000m2 não foi suficiente para compensar a queda registada nos mercados maiores.

“Depois do boom do ano de 2008, registramos uma diminuição pelo segundo ano consecutivo”, afirmou o presidente da ESTIF, Robin Welling. “A indústria solar térmica sentiu todo o impacto da crise financeira de 2008, já que o setor da construção foi particularmente afetado pela recessão económica que se seguiu. Esperávamos obter algum benefício da implementação combinada das metas obrigatórias para as renováveis e de normas de desempenho energético mais elevadas, mas este é um processo que está apenas começando”, exclamou.

Para além da grave crise e das idas e vindas, marcas da instabilidade dos programas de incentivos, nomeadamente na Alemanha, outra das razões apontadas pelos analistas para esta queda consecutiva é o fato de 2008 ter sido um ano de crescimento excepcional, que seria muito difícil de superar ou mesmo igualar nos anos seguintes.

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