A indústria nacional de coletores solares para aquecimento de água deve fechar as contas de 2011 com 1,104 mil m2 comercializados. Se oficializado, o montante é 136 mil m2 inferior ao que se previa para o exercício, mas mantém o Brasil em posição de destaque nesse mercado, segundo dados da Agência Internacional de Energia (AIE).
Mesmo abaixo da meta, um desempenho preliminar de 14,2% em relação a 2010 garante montante acumulado de 7,3 milhões/m2 de placas. O país ocupa oficialmente o 7º lugar, logo atrás do Japão, no mais recente ranking mundial elaborado pela Agência Internacional de Energia (AIE).
O levantamento é de 2011, mas trabalha com dados de 2009, quando o Brasil tinha 5,2 milhões/m2 instalados. Para se ter uma ideia, os Estados Unidos tinham 20,4 milhões/m2 e a Alemanha, 12,6 milhões/m2, 2º e 3º colocados, respectivamente. A líder China tinha estratosféricos 145 milhões/m2 de coletores, cerca de 59% da base mundial instalada.
Sem subsídios
Com crescimento médio na casa de dois dígitos – entre 15% e 20% –, a indústria nacional busca avançar mais rapidamente. Quer chegar a 15 milhões/m2 instalados por volta de 2015, pouco mais do que possuía a Alemanha em 2009.
Pegou carona em programas habitacionais, como o Minha Casa Minha Vida, e trabalha na defesa de legislação de incentivo, sobretudo ante prefeituras de grandes metrópoles. Conta ainda com empurrão dos projetos de eficiência energética desenvolvidos por distribuidoras de energia. Mas chegou à posição em que se encontra graças à demanda natural do mercado. E sem depender de subsídios.
A distribuição das vendas no primeiro semestre, de acordo com a Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento (Abrava), mostra que 59% dos negócios foram fechados em razão do interesse espontâneo do consumidor residencial das classes média e alta, principalmente no Sudeste, onde se concentram 80,3% dos negócios. Na sequência aparecem indústria, comércio e serviços, com 24%. Programas habitacionais contribuem com 18%.
Os custos crescentes dos energéticos tradicionais, somados a uma consciência mais madura em relação às questões ambientais, vêm ajudando a tomada de decisão em favor do aquecimento solar.
“O prazo de payback está ficando menor”, avalia Marcelo Mesquita, gestor do Departamento Nacional de Aquecimento Solar (Dasol), da Abrava.
Ele cita o caso de Belo Horizonte (MG), onde o setor imobiliário já se deu conta de que unidades novas equipadas com coletores têm a preferência do mercado. Também são mais fáceis de revender. “Em Guarulhos (SP), por exemplo, a prefeitura oferece desconto no IPTU a quem fizer opção pelo aquecimento solar.”
Qualidade
A indústria tem fôlego para crescer. Com algo em torno de 200 fabricantes que, de acordo com dados extraoficiais, faturam por volta de R$ 500 milhões anuais, a atual produção de 1,2 milhão/m2 pode ser triplicada, simplesmente a partir da adoção de mais turnos de trabalho.
O setor aguarda uma sinalização mais efetiva do governo federal em relação ao ritmo de continuidade do programa Minha Casa Minha Vida, em compasso de espera desde o início do governo Dilma. A demora em retomar o programa pode comprometer a chegada à meta de 15 milhões/m2 em meados da década, estimada pelo Ministério de Meio Ambiente (MMA), responsável pelos estudos que escolheram o aquecimento solar como alternativa de sustentabilidade para o programa.
A qualidade dos equipamentos tende a melhorar. Ainda voluntária, a etiquetagem passará a ser compulsória. O Inmetro está cuidando do processo. Em breve um novo regulamento seguirá para consulta pública. Concluída essa etapa, prevê-se dois anos para que os fabricantes se adaptem às regras.
Quem optou pela etiquetagem voluntária, aumentou a eficiência (kWh/mês/m2) dos equipamentos em 9,6% e reduziu as perdas térmicas em 28,6%, em média, de acordo com dados do Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE).
Fonte:http://rotaenergia.wordpress.com/