Por José Inácio Werneck, de Bristol

Colunista é o primeiro do grupo a integrar sua casa na captação da luz solar para gerar energia elétrica. Ele já vive no futuro

Há muitos anos, no Rio de Janeiro, quando morava na Barra da Tijuca, adotei a energia solar. Fui um pioneiro.Era um mecanismo simples, um painel negro sobre o teto de nossa casa, que aquecia a água que usávamos.

Agora, em Connecticut, estarei a partir dos próximos dias usando a energia solar para nosso consumo de eletricidade. É algo bem mais complicado e sofitiscado, requer aprovacão das agências governamentais mas, basicamente, ainda através de paineis instalados no teto de nossa casa, estaremos, minha mulher e eu, gerando a energia elétrica que consumirmos.

A instalação é controlada pela Internet, de modo que poderei, dia a dia, medir exatamente quanto estou produzindo e quanto estou consumindo. Quando produzir mais do que consumo, ganharei um crédito junto à companhia de energia.
Por coincidência, neste domingo, dentro de mais uma hora, estará sendo realizada em Nova York uma gigantesca marcha de protesto da população, um “apitaço” contra o aquecimento global.

Talvez fosse melhor dizer, contra as forças políticas, dominadas pela indústria dos combustíveis fósseis, que se opõem a medidas para diminuir o lançamento de dióxido de carbono (CO2), na atmosfera.

Paralelamente, o prefeito de Nova York, Bill de Blasio, está ordenando que esta megalópole se torne uma “cidade verde”, graças a medidas para controlar o uso de energia em seus edifícios.

Inicialmente, serão os edifícios públicos mas em breve, com mandados governamentais, também os privados.
Um dos argumentos usados, com razão, por Bill de Blasio, é que os planos para tornar a cidade mais eficiente no uso de energia fazem parte de seu projeto de “mais igualdade econômica e social”.

A explicação é simples: o alto custo de energia é um imposto regressivo, porque os moradores pobres pagam uma percentagem maior de seus recursos para o consumo de eletricidade e outras fontes energéticas do que os residentes ricos – além do fato de que em geral ocupam edifícios pouco eficientes na conservação de energia.

A economia resultante de um consumn mais eficiente de energia ajudará economicamente os moradores mais pobres, já para não falar dos benefícios ambientais.

Na próxima década Nova York investirá pelo menos um bilhão de dólares para tornar seus edifícios públicos mais eficientes no consumo de energia.

Os proprietários particulares serão incentivados a tomar medidas semelhantes, mas, aos recalcitrantes, se aplicarão os meios coercitivos legais.

O objetivo é fazer com que, em 2050, a cidade de Nova York atinja o objetivo, traçado em uma legislação estadual, de reduzir em 80% suas emissões de gases do efeito estufa, em comparação com o ano de 1990.

Segundo Bill de Blasio, em 2025 a redução de dióxido de carbono lançado ao ar em Nova York já corresponderá ao produzido por 700 mil automóveis.

São boas notícias, quando Nova York se prepara para receber, a partir desta terça-feira, chefes de estado convidados pela ONU para discutir um novo acordo climático, a ser adotado no ano que vem, em Paris.

Como sempre, haverá confrontos entre nações desenvolvidas e as em desenvolvimento.

Estas últimas argumentam, não sem razão, que o custo do combate ao aquecimento global deve recair sobretudo sobre as primeiras.

Espera-se que a pressão pública não apenas em Nova York mas em cidades de outros 161 países, incluindo o Brasil, leve os políticos a finalmente chegarem a um acordo.

Quanto a mim, estou contribuindo com minha pequena parte.

José Inácio Werneck, jornalista e escritor, trabalhou no Jornal do Brasil e na BBC, em Londres. Colaborou com jornais brasileiros e estrangeiros. Cobriu Jogos Olímpicos e Copas do Mundo no exterior. Foi locutor, comentarista, colunista e supervisor da ESPN Internacional e ESPN do Brasil. Colabora com a Gazeta Esportiva. Escreveu Com Esperança no Coração sobre emigrantes brasileiros nos EUA e Sabor de Mar. É intérprete judicial em Bristol, no Connecticut, EUA, onde vive.
Direto da Redação é um fórum de debates, do qual participam jornalistas de opiniões diferentes, dentro do espírito da democracia plural, editado, sem censura, pelo jornalista Rui Martins.

Fonte:http://correiodobrasil.com.br/

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