Reli, recentemente, o livro “O cisne negro” de Nassim Nicholas Taleb. O livro é pequeno mas inspirador. A tese do autor é que muitos dos eventos com mais impacto, quer em tecnologia quer na nossa vida pessoal, não são à partida previsíveis.

O cisne negro é uma metáfora para esses acontecimentos raros e imprevisíveis, que já todos enfrentámos. Com efeito, o muito bom e o muito mau que aconteceu nas nossa vidas, surgiu, por vezes do nada, sem qualquer prenúncio.

Taleb usa como exemplos os ataques do 11 de Setembro de 2001, a primeira Guerra Mundial, o aparecimento da internet e da Google, todos eles acontecimentos inesperados e que mudaram o mundo como o conhecíamos.

O facto de sabermos quase tudo sobre um determinado assunto não é em si garantia de que estejamos preparados para enfrentar um “evento Cisne Negro”, nessa área. É conhecido o exemplo da IBM – sem dúvida, desde sempre, uma das melhores empresas da área de informática – que inventou o computador pessoal e não reconheceu o seu potencial. O PC foi criado em 1981 por uma pequena divisão da empresa, tendo a IBM considerado que não se justificava desfocar as equipas de engenharia internas, sendo preferível entregar o desenvolvimento quer do seu sistema operativo quer o seu ‘hardware’ a outras empresas. Assim, a IBM publicou as especificações e os esquemas do PC, o que permitiu à Microsoft e à Intel tornarem-se concorrentes com a sua dimensão.

Os sistemas de energia estão, neste momento, num ponto de inflexão. O novo paradigma, que é normalmente denominado de “Clean Tech” , é caracterizado pela convergência entre sistemas de energia e sistemas de informação, dando origem às ‘smart grids’.

Na linha do que defende Taleb, no espaço da “Clean Tech” vão, certamente, aparecer inovações imprevisíveis e de enorme impacto , que permitirão que, como aconteceu com o PC, pequenas empresas se tornem nos gigantes tecnológicos do futuro.

Devemos ter a pretensão de que alguma possa nascer no nosso País. Áreas possíveis são as próprias ‘smart grids’, os veículos eléctricos, a energia solar, a energia dos oceanos, a eficiência energética. Para que isso se possa concretizar torna-se fundamental conseguirmos, no País, um ambiente de partilha e inovação aberta, que permita a um promotor validar e corrigir, com facilidade, as suas ideias. O português é por natureza individualista e céptico em relação à generalidade das iniciativas, o que tem vantagens e inconvenientes; contudo, neste jogo da inovação em Energias Limpas só podemos ser bem sucedidos se aprendermos a trabalhar em conjunto.

Trata-se de um desafio que vale a pena!
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António Vidigal, Presidente da EDP Inovação

Fonte:http://economico.sapo.pt

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