O Brasil não precisa de mais usinas nucleares nos próximos anos. A opinião é do físico e ex-presidente da Eletrobrás, Luiz Pinguelli Rosa, que vê o País com um grande potencial em geração de energia renovável, que hoje corresponde a mais de 85% do parque energético brasileiro. Esse número é maior do que a média mundial do setor. Para ele, as usinas hidrelétricas e a energia eólica ainda são mais viáveis e com melhor relação custo-benefício.

Vistos com desconfiança desde os acidentes de Three Mile Island (EUA), em 1979, e de Chernobyl (antiga União Soviética), em 1986, os programas nucleares para a geração de energia elétrica perdem investimentos em vários países. Depois do último desastre nuclear, ocorrido em março deste ano nas usinas de Fukushima (Japão), países como Bélgica, Alemanha, Suíça e Itália anunciaram a interrupção de investimentos nesta área.

“Até mesmo o Brasil, que está construindo a terceira usina nuclear em Angra dos Reis (RJ), já repensou os projetos existentes”, explica Pinguelli, ao se referir à intenção do governo brasileiro em construir mais quatro usinas dessa natureza até 2030. Para o especialista, apesar das usinas Angra I e Angra II terem apresentado boa performance nos últimos anos, existem outras tecnologias de geração de energia mais viáveis para o País.

De acordo com o Pinguelli, que esteve em Curitiba em novembro para participar do 6º Seminário sobre Sustentabilidade da FAE, a viabilidade de uma hidrelétrica ainda é maior do que nas usinas nucleares. A primeira tem um custo alto de construção, porém, erguer uma central nuclear sai bem mais caro. Apenas Angra III, por exemplo, vai custar cerca de R$ 10 bilhões para o governo brasileiro. Outro ponto destacado por Pinguelli é a emissão de gases que causam o efeito estufa. Segundo ele, a contribuição para esse problema em uma hidrelétrica varia de acordo com a tecnologia empregada, já em uma usina nuclear, este valor é zero. “Além de tudo isso, é importante citar que a vida útil de uma central nuclear é de menos de 50 anos. É pouco”, avalia.

Outro argumento que Pinguelli utiliza para embasar a previsão de cortes no investimento em usinas nucleares são as baixas reservas de urânio no mundo. “O Brasil representa a sexta maior reserva do minério. Mesmo assim, a expectativa é que a quantidade total disponível no planeta deve durar pouco mais de meio século”, revela. A tendência, segundo o físico, é que os países invistam mais em outras fontes alternativas de energia.

A questão política também é outro impedimento do crescimento dos programas nucleares. De acordo com Pinguelli, que também é professor da UFRJ, a constante preocupação mundial com a produção de armamento nuclear tem aumentado a pressão da sociedade sobre os governos. “O caso mais recente é do Irã, país que tem sofrido severas acusações sobre suposto enriquecimento de Urânio para fins bélicos”, argumenta.

O professor também acredita que o Brasil tem se posicionado bem no cenário mundial, quanto à preocupação com a segurança nuclear. “As autoridades brasileiras estão certas quando dizem que o problema não está no enriquecimento do urânio no País, mas sim no fato de outros países possuírem armas nucleares”, opina Pinguelli, que defende o uso da energia nuclear no Brasil apenas para a geração de energia.

Tendências
De acordo com Luiz Pinguelli Rosa, a produção de energia eólica deve se expandir no Brasil nos próximos anos, pois o País tem um grande potencial para este tipo de energia alternativa, principalmente pelo vasto território. Segundo o físico, tudo indica que os lixões também devem ser utilizados para a geração de energia, já que há uma grande preocupação com este tema e a iniciativa privada tem mostrado interesse neste setor. “A energia solar é outro recurso que deveria ser expandido. Temos um grande potencial para isso, mas faltam políticas públicas para mais investimentos nestas alternativas”, opina.

Fonte:http://www.paranashop.com.br

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