A chamada “economia verde”, que começa a ganhar destaque ultimamente, mais do que uma estratégia de desenvolvimento momentânea, se insere enquanto modelo em um cenário de transformações mais amplas, de ordem econômica, social, e em certo sentido, cultural, para o século XXI.

Econômica porque aponta para uma mudança de rumo em relação à utilização dos recursos naturais, cada vez mais escassos, na produção de mercadorias e sua distribuição e comercialização, assim como dos serviços ligados à essa mesma economia. Representa também a transição para uma “economia de baixo carbono”, onde se procura que as emissões de CO2 na atmosfera, em níveis exagerados tão nocivas à saúde e a sustentabilidade ambiental, sejam sensivelmente reduzidas. Nesta questão em particular, da emissão de poluentes, a importância do investimento em inovação tecnológica e o desenvolvimento de novos processos produtivos, geração de energia em bases renováveis, cultivo e produção agropecuária e transporte de mercadorias e pessoas, são apresentadas em destaque entre as grandes novidades para a superação dos complexos desafios nos níveis local, regional e global.

Enquanto transformação social, necessariamente engendrará mudanças nas relações de trabalho e de produção entre os mais diferentes atores econômicos e sociais. Basta citar como exemplo, entre outros tantos possíveis, a importância que a agricultura familiar e as práticas de cooperativismo e associativismo, derivadas da “economia solidária”, vêem ganhando com o advento da “economia verde”. Quando falamos da busca pela superação dos desafios em nível de desenvolvimento local não podemos deixar de reservar um lugar de destaque para este novo meio solidário e sustentável de soluções para as mazelas causadas pelas desigualdades econômicas e sociais. A agricultura familiar, sem dúvida, está entre uma dessas soluções. Fortalece os pequenos agricultores, garantindo sua permanência no campo, ao mesmo tempo em que favorece a distribuição de alimentos de qualidade e a baixo custo nas grandes cidades.

Deste ponto de vista, conclui-se que o Brasil é uma das nações com melhores condições, em potencial, para adotar os princípios da “economia verde” como estratégia de desenvolvimento para o futuro e fortalecer sua posição em termos de soberania energética e alimentar. Nestes dois campos, reúne as melhores condições e recursos naturais e humanos para tornar-se vanguarda entre as nações do globo.

Por fim, cultural, porque representa, em amplo sentido, uma necessária mudança de hábito acerca dos mais diferentes aspectos de nosso modo de vida. A revolução industrial e tecnológica, vigente nos últimos dois séculos, moldou a sociedade e a economia da forma como as conhecemos. A cultura do capitalismo, essencialmente predatório e contraditório, que verificamos neste período histórico, começa a sofrer uma expressiva transformação. A mudança em curso quanto à utilização dos recursos escassos e os novos padrões de sociabilidade e organização mencionados aqui passam a depender essencialmente desta nova forma de enxergar o mundo que habitamos em toda sua complexa e rica diversidade.

Fonte:http://dinofraccaro.blogspot.com

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