A máxima de realizar o progresso da energia solar , sem demoras nem limitações deve prevalecer sobre todas as considerações econômicas. Toda demora implicará em um custo social superior ao custo da implantação das energias e matérias primas solares. Quanto mais rapidamente estas substituírem as fósseis, maior será a economia para a sociedade e menos os orçamentos terão de custear, ameaçados por custos cada vez mais altos em termos de reparação de catástrofes fósseis, sejam por danos causados por furações, inundações ou guerras energéticas, sejam por gastos crescentes devido à eliminação dos resíduos ou devido ao custo da crescente burocracia ambiental. Quase todos os danos ecológicos são atribuídos à transformação de energias e matérias primas fósseis e ao uso da energia nuclear. Quanto mais investir-se hoje no progresso dos recursos solares, menores serão as hipotecas para o futuro. Quanto mais adia-se esta mudança, mais caro será, uma vez que os custos derivados do uso dos recursos fósseis aumentam de forma exponencial.
Em vez de adotar esta forma de cálculo, a sociedade moderna, tão dada ao desperdício em muitos aspectos, tem se transformado em um bando mercantilista no que diz respeito aos preços de energia. Na questão decisiva e estimulante de como conseguir abastecimento energético compatível com o meio ambiente, estima-se com mesquinha arrogância quanto pode-se permitir ou não à humanidade. A maioria dos líderes políticos e econômicos agem como se os pensamentos da sociedade fossem ou tivessem de ser comparáveis à uma planilha. A energia necessária para a sobrevivência não tem de custar mais do que a da decadência. Tais critérios colocam em evidência uma alarmante auto-humilhação moral e mostram, por sua vez, uma descarada autoelevação sobre as vítimas presentes e futuras de um sistema energético destrutivo.
A discussão sobre o custo das energias renováveis mostra quão longe estamos ainda, nesta questão, da sociedade civilizada que pretendemos ser e que, em outras esferas, já é uma realidade assumida. A ninguém é permitido atirar lixo na via pública; é necessário pagar por sua eliminação, a saber, mais de 200 euros no caso de uma casa para quatro pessoas na Alemanha. Por outro lado, o lixo energético em forma de emissões pode ser emitido, contaminando o ar e o ambiente. Mesmo que as energias renováveis custassem mais do que efetivamente custam, a máxima tem que ser a de pagar este custo sem colocar objeções e mudar as prioridades dos gastos. Este imperativo deve prevalecer sobre todas as demais considerações quanto ao custo das energias renováveis. Aqueles que veem o perigo do uso contínuo dos recursos fósseis e, ao mesmo tempo, defendem o fato que que a prevenção aos danos tem que ser rentável e não deve violar as regras da concorrência em detrimento dos produtores de recursos fósseis, aqueles que argumental e agem deste modo, arruinarão, na primeira metade do século XXI, as condições gerais da vida e , finalmente, colocarão em risco a sua própria existência. A falta de critério com que despacha-se a questão das energias renováveis determinando impertinentemente seu maior custo, é sinal de uma esforçada busca de pretextos para justificar evidentes omissões.
Independentemente da decisão fundamental de que devemos investir no futuro solar e promove-lo em caráter prioritário- antepondo-se à ampliação da rede viária, aos projetos militares, aos subsídios a antigas estruturas ou, em nível particular, à aquisição de veículos caros ou viagens para destinos longínquos, será indispensável, em qualquer caso, otimizar o cálculo dos investimentos solares para obter um máximo aproveitamento com os recursos financeiros empregados. As energias e matérias primas solares tem, por vários motivos,e não só por evitar danos ao meio ambiente, relações de custos diferentes das relações dos recursos fósseis. Contudo, as diversas razões que apresentarmos a favor da grande superioridade potencial dos recursos solares quanto à produtividade, só podem ser refletidas adequadamente no cálculo de rentabilidade se os critérios aplicados na transformação tradicional dos recursos fósseis forem transferidos com alterações para os recursos solares. Enquanto isto não acontecer, os recursos solares permanecerão abaixo de seu valor microeconômico.
Fonte: A economia solar global